Quando pensamos no cinema do futuro, no próximo passo da arte nas telonas, Resistência (The Creator) parece ser o título que ecoará em corredores e discussões cinematográficas pelos próximos anos. Ao mesmo tempo premonitório e assustador, o filme nos leva a mergulhar nos dilemas da coexistência entre homens e máquinas, quase como se Stanley Kubrick tivesse enviado um e-mail de conselhos ao diretor.
Aqui, Gareth Edwards (Godzilla), que já nos presenteou com sua visão brilhante em Rogue One, lança um olhar cyberpunk distópico sobre a nossa próxima evolução. A originalidade do filme merece seu próprio holofote: sem ser uma sequência, um remake ou reboot de algo, é um sopro de ar fresco na paisagem do cinema contemporâneo que, por si só, já vale seu ingresso.
A trama e o elenco de Resistência
A narrativa de Resistência não trilha um terreno completamente inexplorado. A trama, ambientada uma década após um colapso causado pela própria tecnologia que deveria proteger a humanidade, felizmente se distancia das comparações iniciais com Star Wars.
Edwards se liberta da sombra de George Lucas para nos apresentar uma resistência humana que luta contra o que foi criado para ser seu protetor. A tensão entre o protagonista Joshua e uma criança-IA é palpável, com o filme nos conduzindo por dilemas éticos e tecnológicos atuais, tornando-o contemporâneo, mesmo ambientado no futuro próximo.
A trilha sonora de Hans Zimmer (Interestelar) torna cada cena ainda mais impactante, enquanto a fotografia de Oren Soffer (anote esse nome!) pinta o cenário de um futuro que tanto nos fascina quanto nos apavora. Gareth Edwards, através de sua direção, constrói uma tapeçaria de cores, ação e emoções, tornando cada quadro digno de ser exposto em uma galeria.
No entanto, em meio a tanta grandiosidade, uma falha se destaca: a falta de conexão emocional entre os personagens principais, Joshua e Alphie. Enquanto John David Washington (Tenet) traz intensidade em um de seus melhores trabalhos até aqui, é Madeleine Yuna Voyles quem verdadeiramente encanta com sua atuação. Apesar dos pequenos deslizes, o cineasta não deixa a narrativa se perder em detalhes menores.
O foco mantém-se nas questões maiores, nos dilemas que nos cercam e nos preocupam. Há, sim, momentos em que o ritmo parece apressado – especialmente no desesperado terceiro ato -, mas a construção geral nos mostra que Resistência é um filme que não tem medo de arriscar, de apresentar efeitos visuais ousados e sequências de ação que mantêm o espectador à beira de seu assento do começo ao fim.
Veredito
Por fim, é impossível não ver Resistência como um cruzamento magnífico entre Apocalypse Now e 2001: Uma Odisseia no Espaço. Gareth Edwards nos presenteia com uma obra que projeta o gênero de ficção científica em uma nova direção, sendo uma das mais impressionantes dos últimos anos.
Pulsante, comovente e criativo, o filme explora a interação da humanidade com a inteligência artificial, deixando uma mensagem clara de amor e empatia pela próximas gerações. Edwards, em sua ambição, nos lembra que, mesmo em um universo repleto de inspirações, ainda é possível criar algo singular.
Resistência não é apenas um espetáculo cinematográfico, mas o lembrete de que por trás de toda máquina, ainda há o coração humano. Em resumo, de artificial, este filme não tem nada. Sem dúvida, um clássico instantâneo.
NOTA: 9/10
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