Crítica | A Freira 2 – A redenção da franquia em sequência divina

Publicidade

Às vezes, no complexo universo do cinema, é preciso amadurecer o caldo para atingir o sabor perfeito. O universo de Invocação do Mal, criado pela mente insana de James Wan, deu não apenas sustos, mas também uma significativa quantia à Warner durante essa década. Contudo, efeitos sonoros de arrepiar os cabelos e efeitos visuais estonteantes não salvam um filme de terror mal-feito. Após a quase heresia que foi o primeiro filme – do qual só podemos salvar algumas almas perdidas – A Freira 2 (The Nun II) é uma epifania. Parece redimir seus pecados anteriores, atentando-se a detalhes e esculpindo personagens que realmente parecem pertencer ao santuário de Wan.

A melhoria é tão significativa que, acredite, parece que alguém lá em cima ouviu nossas preces para esta franquia.

A trama e o elenco de A Freira 2

Avançando no calendário para 1956, após um padre francês ser ardorosamente sacrificado nas chamas, Valak, o demônio, parece ter retornado mais inflamado do que nunca. É como se a França, naquele ano, fosse palco de um exorcismo coletivo. O demônio já havia levantado seu véu de trevas na Romênia, deixando marcas profundas. A sequência da trama, agora, nos leva a acompanhar os passos firmes, mas receosos, da Irmã Irene, encarando novamente a essência maléfica.

Taissa Farmiga, ressurgindo como a protagonista, prova ser a luz guia nesta escuridão, demonstrando ser tão vital para a trama quanto sua irmã, Vera Farmiga, é para a franquia principal. Sua atuação, quase celestial, é mais profunda, tocando nossas almas de uma forma que o filme anterior mal conseguiu arranhar.

Ao seu lado, Storm Reid (Euphoria) revela-se um sopro divino de frescor, trazendo rebeldia e gentileza à trama. Bonnie Aarons, claro, segue sendo assustadoramente hipnotizante no papel da vilã e Jonas Bloquet também ganha novas camadas, uma vez que já sabemos o final trágico de Maurice nessa história toda. Todo o elenco é excepcional e bastante convincente.

Tecnicamente, temos efeitos especiais que oscilam, por vezes carecendo da magia prática de Wan. Entretanto, é o som que realmente brilha – ou deveríamos dizer, ecoa de forma macabra. A sinfonia obscura que se desenrola ao longo de A Freira 2, guiada pelas mãos seguras de Michael Chaves (Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio) – que parece estar acertando o passo depois de algumas derrotas -, cria uma atmosfera que nos envolve e arrepia até o último fio de cabelo.

A cinematografia é um tanto quanto escura em diversos momentos e isso atrapalha a imersão e sim, o roteiro ainda possui suas falhas. Ao mesmo tempo que corrige erros do passado comete alguns bons novos, mas sabe dosar o terror visceral com o drama das personagens. Há momentos de pura emoção e alguns sustos construídos com maestria, mas nem toda água vira vinho nessa história.

A Valak está ainda mais poderosa e implacável e busca um artefato divino para aumentar sua força, toda essa presepada gera uma fantasia besta que só não é pior do que o clímax tosco do primeiro filme por muito pouco. Dessa vez, pelo menos, o lado épico assume o comando. 

Veredito

Profano, porém superior ao seu antecessor, A Freira 2 eleva o horror a níveis celestiais. Resgata o que significa ser um blockbuster de terror, com mais sustos, mais coração e uma adrenalina que nos faz querer rezar um rosário inteiro. A sequência é um verdadeiro culto ao cinema de gênero – divertida, assustadora e sem se prender demais aos moldes anteriores. Parece uma releitura abençoada do original.

Talvez não seja a bíblia do gênero, mas é certamente blasfemo o suficiente para nos fazer segurar um crucifixo antes de desligar as luzes. E, um conselho: fique para a cena pós-créditos. A fé no futuro deste universo sagrado de James Wan, felizmente, cresceu um pouco mais.

NOTA: 8/10

Leia também: Crítica | As Tartarugas Ninja – Caos Mutante garante boas gargalhadas em uma ótima adaptação


Já conhece nosso canal do YouTube? Lá tem vídeo quase todo dia. Se inscreve! Dá uma olhada no nosso vídeo mais recente:

Aproveite para nos acompanhar nas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram, Youtube e também no Google News

Quer receber notícias direto no seu celular? Entre para o nosso grupo no WhatsApp ou no canal do Telegram.

Última Notícia

Mais recentes

Publicidade

Você também pode gostar: