Crítica | Ursinho Pooh: Sangue e Mel – Um piquenique de mal gosto que você vai querer evitar

No início, a premissa de Ursinho Pooh: Sangue e Mel (Winnie the Pooh: Blood and Honey) – novo terror slasher que chega às telonas pela California Filmes – parece ser um prato saboroso, coberto de mel e lindamente decorado com pitadas de terror e humor ácido. Mas à medida que a refeição é consumida, o gosto amargo do sangue torna-se cada vez mais predominante – e não de uma forma boa.

Em vez de entretenimento escapista, o público é servido com uma refeição insípida de gore, mal cozida no forno de clichês do gênero. Afinal, transformar o adorável Ursinho Pooh em um canibal serial killer sem alma corrompido pela sociedade é como colocar vinagre em mel – só agrada a quem tem um paladar muito peculiar.

A trama e o elenco

O novato Rhys Frake-Waterfield (…que deveria ser processado pela Disney!), é quem desempenha as funções de diretor, roteirista e produtor, e tenta, sem sucesso, reinventar a roda. O longa-metragem é um experimento torpe de extrair o horror da clássica história de Christopher Robin (interpretado aqui por Nikolai Leon), em que Pooh e seus amigos de infância, que, abandonados e famintos, recorrem à violência e à vingança.

Contudo, enquanto a promessa de uma reviravolta sombria na história clássica do Ursinho desperta curiosidade, a execução falha ao transformar uma fantasia de infância em um banho de sangue desmedido, de forma tão gratuita quanto a nudez feminina ridiculamente explorada no filme, que coloca as personagens em situações extremamente desconfortáveis e horríveis. Enquanto Frake-Waterfield tenta nos fazer engolir uma subtrama em que aborda assédio, ele mesmo viola seu elenco sem piedade. A visão masculina nesta obra é tenebrosa e isso já faz o filme ser intragável. Não temos mais espaço para algo tão irresponsável assim no cinema atual.

Por mais que Pooh e seus amigos esbanjem força, atacando de maneira brutal com correntes e martelos, o longa não apresenta nada mais do que carnificina barata. A visão tenebrosa do diretor e o desrespeito à suas personagens é como um balde de água fria que apaga qualquer faísca de interesse que a audiência possa ter tido inicialmente.

Embora a cinematografia e a ambientação do filme sejam seus pontos fortes, esses méritos são ofuscados pelas escolhas pobres de direção e roteiro. Este último, em particular, é tão desprovido de estrutura quanto um favo de mel desmoronado, e Frake-Waterfield desperdiça a chance de construir uma narrativa envolvente que deixe espaço para uma sequência – que, apesar de tudo, já foi anunciada. Ursinho Pooh: Sangue e Mel tenta incansavelmente vestir-se com a pele dos slashers dos anos 80, mas acaba mostrando-se mais burro e inconsistente do que os piores representantes dessa época.

Ao final, o que permanece é uma ideia audaciosa mal executada, um terror recheado de mal gosto, exagerado em suas cenas gore e na hiperssexualização de personagens femininas, que falha em trazer algum outro elemento de destaque. Talvez seja uma opção para uma sessão de Halloween caseira, mas certamente não merece o preço do ingresso.

Ursinho Pooh: Sangue e Mel é um convite tentador para se aventurar em um bosque sombrio de suspense e terror, mas que, infelizmente, conduz o espectador para um banquete de más escolhas e interpretações desastrosas. Se você se propuser a entrar nesse bosque, prepare-se para uma travessia amarga, onde o doce mel do entretenimento de qualidade é rapidamente substituído pelo gosto metálico de uma narrativa sem rumo. Não se deixe enganar pelo urso fofo, este filme é um piquenique que você vai querer evitar.

NOTA: 1/10

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