Crítica | Sede Assassina – Um sussurro bem fraco do que poderia ter sido uma boa ideia

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O fascínio das pessoas por atos violentos, serial killers e investigações criminais está ainda mais gritante em pleno ano de 2023. Dessa forma, cabe à arte o trabalho de explorar essa atração em obras que não apenas entretenham, mas que também evidenciem a realidade mórbida de um mundo violento. Sede Assassina, de Damián Szifron, se compromete justamente com essa discussão. 

A trama do filme se passa em Baltimore, Maryland (EUA). Em plena noite de ano novo, um atirador misterioso assassina 29 pessoas que, a princípio, não têm nenhuma conexão umas com as outras. Ao demonstrar percepção aguçada sobre o atentado, a policial Eleanor Falco (Shailene Woodley) é recrutada pelo Agente Lammark (Ben Mendelsohn), do FBI, para trabalhar de forma não oficial na investigação. Daí em diante, o filme se torna um grande “quem?” e “por que?”, uma vez que acompanhamos os agentes em uma intensa busca para saber a identidade do terrorista — e impedir novas catástrofes.  

De cara, é possível perceber que o texto se preocupa em reinventar e questionar o gênero de suspense policial. Nas cenas iniciais, fica claro para o espectador que o assassino não é comum. Ele não segue um padrão, não comete falhas e, o mais importante, não é tão diferente assim da protagonista, Eleanor. Assim, em um primeiro momento, temos algo que se propõe a ser novo e que definitivamente prende a atenção dos mais ávidos por respostas. 

No entanto, de uma hora pra outra, a premissa de uma investigação policial eletrizante é substituída por uma monotonia sem fim. Muitas das cenas envolvendo reuniões entre os responsáveis pelo caso são demasiadamente longas e repletas de informações. Dessa forma, acaba sendo fácil perder o interesse pela trama e até mesmo pelos seus personagens. A apatia da personagem de Woodley (A Culpa é das Estrelas), inclusive, agrava este quadro. 

Todo o potencial que o longa apresenta em seus minutos iniciais é desperdiçado em diálogos massantes que dificilmente chegam a algum lugar. Damián Szifron e Jonathan Wakeham se esforçaram para escrever um roteiro não apenas focado em cada um dos passos da investigação, mas também que sirva de crítica ao sistema como um todo (indo da negligência policial à espetacularização da imprensa). O grande problema é que não há harmonia entre as diferentes facetas do texto e, no fim, ele não acaba sendo nem uma coisa nem outra. 

Inclusive, a conclusão do longa beira o ridículo. Esta é, sem dúvida, a parte mais problemática em todo o filme, justamente por salientar de forma gritante os seus maiores defeitos. Ao passo que a investigação policial precisa de um desfecho, a discussão sociológica estabelecida também deve ser encerrada. Infelizmente, tanto um encerramento quanto o outro deixam um gosto amargo na boca. 

Sede Assassina é, no fim das contas, um sussurro bem fraco do que poderia ter sido uma boa ideia. A visão de Szifron ficou clara, e de fato ela tinha potencial para inovar o gênero de thrillers policiais. A execução, porém, deixou bastante a desejar e o longa passa apenas como mais um suspense qualquer. 

Nota: 5/10

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