O distanciamento existente entre super-heróis e seres humanos sempre foi um problema evidente do ‘Snyderverso’. Muitas vezes, os personagens estavam tão envolvidos em batalhas épicas que se esqueciam de suas responsabilidades para com o resto do mundo. Um exemplo clássico é a catastrófica “trocação de socos” entre Superman e Zod em ‘O Homem de Aço’ (2013). Pensando nisso, é interessante ver o subtexto em The Flash traçando um paralelo entre a história de seu protagonista com o universo no qual ele está inserido. Ao passo que Barry Allen (Ezra Miller) volta no tempo para reverter a situação mais dramática de sua vida, o ‘Snyderverso’ ganha uma chance de se reinventar.
Essa chance, felizmente, é bem aproveitada. Desde a cena inicial ficam claras as intenções do roteiro em explorar ao máximo o lado humano de Flash. Além disso, o longa se propõe a desenvolver um protagonista genuinamente preocupado com as pessoas ao seu redor — o que inclui os civis do universo DC em geral. A escolha de revisitar ‘O Homem de Aço’ (ou pelo menos uma versão alternativa do filme), inclusive, é bastante simbólica.
Vale ressaltar que o Velocista Escarlate não está sozinho nesta nova aventura. Duas versões diferentes do Batman (Keaton e Affleck), Supergirl, Zod e muitas outras surpresas contribuem bastante para a diversão. Esses personagens funcionam, principalmente, nas ótimas cenas de ação do filme dirigidas por Andy Muschietti (It, a Coisa).
O diretor argentino consegue destacar muito bem as habilidades de cada um dos super-heróis em tela durante as batalhas do filme. A ação é viva e empolgante, e o tom geral do longa é acertado. Muschietti consegue traduzir o clássico espírito do cinema oitentista para os dias atuais.
Dificilmente, a junção de tantos personagens em uma trama que se pauta na viagem espaço-temporal estaria livre de certa desordem. Na metade do terceiro ato, é difícil para o espectador acompanhar o texto e todas as mudanças feitas na linha do tempo por Flash.
Falando nele, precisamos destacar um dos maiores problemas do longa: sua estrela. Desde as primeiras atitudes controversas do ator no mundo real, Ezra Miller se tornou um assunto polêmico. Em seu novo projeto, por mais que o personagem título seja bem escrito, Miller não consegue transitar de forma satisfatória entre o humor e o drama.
Na realidade, ele acaba se saindo muito melhor nas cenas dramáticas do que nas cômicas, uma vez que seu timing é péssimo. A maioria das piadas pensadas para o seu personagem não convencem, uma vez que o ator faz um Barry Allen extremamente caricato (para não dizer constrangedor).
De maneira geral, porém, pode-se dizer que este é sim um dos melhores filmes do ‘Snyderverso’. Ele sabe divertir com fan services ao mesmo tempo em que respeita o arco de seu protagonista. Flash e Barry cometem erros e acertos, mas nunca perdem a essência “heróica” que deve fazer parte desses personagens, e isso é o mais importante de tudo.
Nota: 7/10
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