Crítica | Halloween Ends – O golpe final para assassinar a franquia

Após quase 45 anos e 13 filmes – incluindo remakes – é impossível não sentir que a saga Halloween perdeu sua relevância. Preso em um terror urbano que nunca foi para lugar algum, o avô dos filmes slasher se tornou cada vez mais refém de suas próprias armadilhas e, na busca por manter a essência do original de 1978, mergulhou no eterno e incansável poço de repetição que culmina no desastroso desfecho com Halloween Ends, a última facada de desespero que estava faltando para assassinar a franquia de uma vez por todas.

Como parte de uma “nova” trilogia, iniciada em 2018 e que segue os eventos do filme original, Ends nasce da necessidade de – finalmente – pôr um fim definitivo na saga de terror sem que haja a possibilidade do retorno místico do vilão Michael Myers. E, nesse quesito, este terceiro filme realmente conclui o que já estava se arrastando por anos e fecha o ciclo de uma vez por todas, porém, para ser o desfecho aguardado de um dos maiores influente no cinema de horror, Halloween Ends parece mesmo é uma piada de mal gosto. Uma despedida burra e inconsistente que vai deixar os fãs furiosos.

A trama e o elenco

Dois dos maiores problemas desse novo filme são: a completa desconfiguração do que foi estabelecido nos dois filmes anteriores e a necessidade de fazer algo “diferente”. Enquanto o start de 2018 trouxe um gás extra para a franquia e mostrou que ainda havia uma boa história para contar, Halloween Kills chegou sem ânimo, mas ainda assim estabeleceu novas regras ao jogo e prometeu um desfecho épico que nunca chega. Halloween Ends, na realidade, trata-se de uma irritante e anticlimática história de amor que gasta todo seu tempo e energia com subtramas chatas, arrastadas e que perde por colocar a maior final girl do cinema, Laurie Strode, como uma avó enjoada.

Os traumas e a construção das personagens são elementos jogados no lixo e descartados assim como as pontas soltas mais importantes da franquia. São quase duas horas em que pelo menos 1 hora e meia do roteiro são totalmente dedicadas à criação de um novo vilão (como se isso fosse necessário!) e como esse sujeito irá se conectar com o mal que cresceu em Haddonfield após tantas noites mal dormidas e trágicas de Halloween. Faz tempo que Michael Myers se configurou como uma espécie de entidade maligna e não mais como um homem serial killer, mas, nesse capítulo, isso entra em conflito o tempo todo e não faz o menor sentido. O vilão é o que o momento precisa que ele seja e só.

Dessa vez, alguns anos após o seu último encontro com Myers, Laurie (Jamie Lee Curtis) tenta viver uma vida normal – como se isso fosse possível em Haddonfield – ao lado de sua neta Allyson (Andi Matichak), agora uma jovem revoltada e que parece gostar de procurar ainda mais problemas pra sua vida já complicada no local, já que se apaixona perdidamente pelo jovem Corey (Rohan Campbell), que acabou acidentalmente matando uma criança na noite de Halloween em 2019. Desse enredo bem love story, o sangue dá lugar ao bullying e a violência é diluída na água até quase ser inexistente.

E quem espera ver um confronto final épico entre Laurie e Myers, pode esquecer. O foco aqui é desenvolver a historinha enjoativa de Corey e como o lugar e a rejeição das pessoas o transforma num copycat de Michael Myers sem um terço da energia maléfica do icônico vilão. Porém, dentro desse enorme destaque, Campbell entrega uma performance boa e comovente, já que Jamie Lee Curtis se apaga como uma mera coadjuvante barata. Mesmo sem a necessidade da inserção de um novo vilão à essa altura do campeonato, o roteiro troca o desfecho prometido por um final pior do que dos filmes anteriores. A tal batalha final entre os dois inimigos mortais é escura, apressada e sem engenhosidade alguma.

A direção

O que David Gordon Green faz é mágica. O diretor – que acertou no primeiro filme – subtrai a energia divertida da franquia e faz desaparecer todas as possibilidades de dar um fim adequado aos personagens que marcaram a geração. Tudo aqui é corrido, mal filmado e absolutamente insuficiente. Desde as mortes sem engenhosidade até a demora para a violência finalmente aparecer. Como se não bastasse deixar Laurie de escanteio, o roteiro transforma Michael Myers em algo que passa longe de ser ameaçador. O vilão parece fraco, debilitado e facilmente manipulável. Até mesmo seu tão aguardado fim é ridículo e simples demais.

Com exceção da boa trilha sonora e algumas mortes doloridas, nada mais se salva. Não há conexão com a protagonista, as sequências de ação são fracas e falta mais clima de Halloween, mais nostalgia e estilo retrô. A condução de Green é péssima. Não há ritmo e o andamento da trama parece nunca sair do lugar. A sensação que fica é de que o filme foi realizado às pressas e sem coração algum, apenas um produto genérico que visa lucrar, quando prometia ser um adeus espirituoso.

Conclusão

A facada desastrosa que a franquia não merecia, Halloween Ends assassina qualquer possibilidade de um final inteligente e apunhala os fãs com um desfecho pobre, preguiçoso e horrendo, uma história de amor anticlimática que marca o pior filme dessa nova trilogia. Como se o prego no caixão não fosse o suficiente, a conclusão da saga tira a ameaça de Michael Myers e transforma Laurie – a maior final girl do cinema – em uma avó maluca, sem carisma e mecânica.

Felizmente, depois de várias machadadas dolorosas ao longo dos anos, Halloween chega ao fim, mas o trauma dessa resolução terrível certamente vai assombrar o cinema de horror para sempre. E que descanse em paz no cemitério das boas franquias estragadas pela ambição dos estúdios de lucrar sem exercer um cinema com coração e alma. Assim como Myers, David Gordon Green ceifou o avô dos slasher e não tem carisma de Jamie Lee Curtis que tire esse gosto amargo que ficou.

NOTA: 2/10

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