Crítica | Meu Álbum de Amores – Soa como música aos corações partidos

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Se tem algo que Rafael Gomes sabe fazer bem é nos fazer se apaixonar pela dor de cotovelo dos outros. O cineasta – por trás de romances autênticos como Música para Morrer de Amor e 45 Dias sem Você – mergulha ainda mais profundo no amor dolorido para criar a chamada Trilogia dos Corações Sentimentais, completa agora por seu trabalho mais recente, a comédia dramática Meu Álbum de Amores, que chega aos cinemas pela Pandora Filmes.

Ainda dentro da promessa de realizar um romance inteligente e realista, aos moldes de obras estrangeiras como (500) Dias com Ela, o novo trabalho de Gomes realça ainda mais as qualidades de seus filmes anteriores – como o uso da música como espinha dorsal da trama – e nos impulsiona novamente para dentro de uma história que fisga pelo sentimental e que celebra os fins necessários das relações que estabelecemos ao longo da vida.

A trama e o elenco

Mas contar uma história de amor sem firulas não é tarefa fácil. Felizmente, um dos melhores aspectos dos filmes de Gomes são seus personagens complexos e emocionalmente evoluídos. Os fins e o recomeços se mesclam de uma forma absolutamente fantástica dentro de seus enredos, feitos muitas vezes focados em jovens adultos e na crise dos 30 anos. O amor que se vai e as saudades que ficam são as engrenagens que movem toda a história para frente. Dentro disso, mesmo que todos compartilhem da mesma temática (e de grande parte do elenco), cada filme atinge um nível de produção mais elevado que o anterior.

E Meu Álbum de Amores sabe perfeitamente dosar seu drama maçante com números musicais divertidos, que ditam o tom da jornada de amadurecimento do protagonista, uma vez que Júlio (vivido pelo ótimo Gabriel Leone) é um jovem careta e conservador, preto e branco em um mundo colorido à sua volta. Após ser abandonado pela namorada, recebe a notícia de que é filho de Odilon Ricardo (também interpretado por Leone), um popular e mulherengo cantor dos anos 70. E conhece também um meio-irmão em tudo diferente de si. A convivência com estes novos afetos e sentimentos faz Júlio repensar suas aspirações românticas idealizadas e descobrir que não é o centro do universo.

Além de um roteiro amarradinho e que foge do óbvio, com texto bom e honesto que nos faz refletir sobre diferentes questões da vida, a direção de arte brilha intensamente ao recriar a energia estética dos anos 70 e o romantismo típico da época.

Gabriel Leone (DOM), um dos melhores atores de sua geração, mostra toda sua versatilidade no drama e na comédia. Mas, sem dúvida, quem rouba mesmo a cena é Felipe Frazão (Todxs Nós) e seu carisma cômico. A dupla possui ótima química, sendo que um personagem completa as lacunas deixadas pelo outro. A dinâmica funciona muito bem, assim como a ambientação urbana que sempre cai bem.

A direção

A condução de Rafael Gomes é sempre muito aguçada no quesito emocional e o diretor brilha ao dar aos seus personagens algo além da unidimensionalidade clichê, algo convencional do gênero. Essas camadas são expostas na tela e suas questões humanas estabelecem rápida conexão com o espectador.

Gomes gosta de mesclar teatro com cinema e, desta vez, faz isso através de números musicais enérgicos que servem quase como intervenções artísticas dentro da história. Sem contar que as letras compostas por Arnaldo Antunes exploram os sentimentos ocultos do protagonista e sua relação com seu pai. Fora alguns problemas no ritmo – que decai conforme a trama avança – e a presença de coadjuvantes que não fazem muita diferença no geral, a narrativa é gostosa de acompanhar.

Conclusão

Uma deliciosa homenagem ao gênero popular-romântico que marcou a música brasileira, Meu Álbum de Amores compõe mais um trabalho apaixonante de Rafael Gomes e sua fascinação pelas dores do amor. Divertida, autêntica e honesta, a comédia dramática surpreende pelas ótimas performances do elenco e pela experiência musical animada. Um abraço caloroso aos adeptos do coração partido, afinal, no álbum de experiências da vida, há amores que ocupam uma página inteira… e há filmes que nos fazem lembrar desses amores.

NOTA: 8/10

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