Crítica | O Mistério de Block Island – Suspense inquietante e atormentador

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A condução do suspense talvez seja o maior mérito de O Mistério de Block Island  (The Block Island Sound), novo filme original da Netflix que está fazendo sucesso entre os amantes de mistérios. E não é para menos, já que o roteiro constrói uma trama sólida em torno dos habitantes de uma ilha que estão sendo aterrorizados por uma força desconhecida. Ao liberar respostas à conta gotas, o roteiro instiga o espectador a se envolver no enredo, mesmo que plante muito mais dúvidas do que soluções. No melhor estilo Invasores de Corpos, O Enigma de Outro Mundo e até mesmo Dagon (filme baseado na novela de H. P. Lovecraft), por conta da ambientação, a história tem boa progressão, ainda que encontre obstáculos no ritmo durante a jornada tortuosa.

A trama e o elenco

Em uma pequena e isolada ilha, moradores começam a notar estranhos acontecimentos, como a ocorrência de animais mortos e um som metálico assustador, que vem do mar. Quando o pai pescador de dois jovens desaparece e aparece morto na praia, ambos começam a ser assombrados por algo muito mais sinistro do que poderiam imaginar. Dessa premissa, o roteiro desenvolve, com bastante vigor, uma trama onde o suspense assume a posição central e guia o espectador por uma narrativa por vezes lenta e repetitiva, mas que se mantém no topo a cada nova nota de mistério que insere. É impossível, de início, não comparar o que está acontecendo com os eventos da série Lost, especialmente pela presença forte de campos magnéticos e possíveis monstros que habitam o lugar. O espectador é levado a crer que há algo estranho por trás dos fatos e que pode, muito bem, ser um monstro no estilo Cloverfield que vive no fundo do oceano, porém, as pessoas são afetadas pela tal força sobrenatural e a reviravolta aponta os mistérios para algo muito mais simples, mas que, ainda assim, surpreende.

Nos pilares que sustentam a trama estão Chris Sheffield (Maze Runner – Correr ou Morrer) e Michaela McManus (One Tree Hill), dois bons atores que entregam bastante seriedade e emoção aos personagens. Sheffield trabalha a profundidade do protagonista e suas nuances gradativas de loucura são bastante interessantes. Em determinado ponto, a história nos distancia do personagem e passamos a enxergá-lo de forma externa, exatamente para sustentar os mistérios em torno de seus lapsos temporais e atitudes duvidosas. Da metade para o final, a trama caminha mais arrastada, porém, corre contra o tempo para resolver as lacunas deixadas antes do desfecho. Infelizmente, o roteiro se explica demais em sua analogia sobre “humanos que estudam animais” e desperdiça a oportunidade de deixar um maravilhoso final aberto a interpretações, algo que funcionaria nessa premissa.

A direção

A maestria de como a dupla de diretores Kevin e Matthew McManus trabalham a paranoia na cabeça do espectador é realmente curiosa. Os realizadores pegam o que há de melhor no gênero e subvertem para algo tão bom quanto. A condução do suspense é gradativa e, quanto mais tempo investido, mais estranho aquele ambiente praieiro se torna. Além disso, o longa possui um design de som ameaçador, que permeia toda a história, fora as imagens inesquecíveis de terror que ficam repercutindo em nossa cabeça por algum tempo.

Conclusão

Ainda que replique enredos de clássicos do gênero, O Mistério de Block Island desenvolve um suspense inquietante, reforçado por mistérios cativantes, que atraem o espectador para a história. Um ótimo terror indie na Netflix que mescla paranoia com pesadelo vívido e, ainda que perca sua força em alguns momentos, se mantém bastante consistente dentro do que propõe fazer. Pode decepcionar quem busca um filme de monstro com muito sangue e violência, mas, sem dúvida, fisga a atenção da parcela que se aterroriza apenas com a sugestão de que algo bizarro e além da nossa compreensão habita o espaço desconhecido.

Nota: 8/10

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