Crítica | A Fera – Um ‘Busca Implacável’ com menos emoção e substância

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Seguindo o modelo desenfreado da franquia ‘Busca Implacável’, o longa de ação italiano ‘A Fera’ (La Belva), sucesso na Netflix, cai em todos os penhascos de problemas que a saga americana, estrelada por Liam Neeson, tanto insiste em cair. Claro, sendo uma versão bem menos sofisticada e arrastada, o ritmo da narrativa, assim como sua premissa, começa em alta e logo o trem desgoverna sem rumo. Uma dificuldade constante nesse tipo de obra e que atinge grande parte das tramas movidas pelo elemento vingança: em determinado ponto, a história não tem mais para onde ir e seu protagonista, blindado por um roteiro previsível, se torna cansativo de ser acompanhado. Com pouco tempo de filme, nada mais funciona e a ação, ainda que promissora, se dissipa pelo caminho até desaparecer.

A trama e o elenco

Fora a premissa batida e clichê, o enredo acompanha a história do capitão do exército Leonida Riva, um homem que já enfrentou conflitos na Somália, Iraque, Bósnia, Ruanda, Afeganistão, foi capturado e torturado e, ao voltar para casa, tornou-se um estranho para sua própria família, entupido de drogas e revoltado com o mundo. Por conta de seu comportamento explosivo, é apelidado de “a fera”. Porém, quando sua filha Teresa desaparece, ele entra em ação e tudo o que aprendeu durante as missões será útil para procurá-la. Ou seja, como podemos ver, uma sinopse que facilmente se encaixaria em qualquer filme genérico de vingança estrelado por Liam Neeson e que, assim como tal, busca humanizar um homem frio e violento em prol de justificar seus atos através da empatia que o roteiro tenta provocar. Um ato falho, é claro, já que a produção não consegue desenvolver um protagonista carismático o suficiente para que esse argumento possa funcionar.

Explodindo testosterona, o roteiro vazio segue padrões e cai no estereótipo do público-alvo masculino, empregando sua visão de mundo machista e misógina ao tratar personagens femininas como objetos e ligar travestis à prostituição. Inclusive, há uma cena desnecessária de uma travesti sendo agredida pelo próprio protagonista. Um perfeito exemplo de como Leonida é mal construído e não merece atenção, que dirá envolvimento do público. Fabrizio Gifuni (Hannibal) vive o um anti-herói durão que dá título ao filme e sua atuação é razoável, afinal, é difícil não ter uma entrega ok quando o roteiro não exige nada além do convencional. Fora o astro, nenhum outo membro do elenco se destaca ou mesmo funciona para o envolvimento emocional do espectador.

A direção

A ação, por sua vez, algo que deveria ser de alto nível (tendo em vista a franquia que deseja replicar), é catastrófica, sem ritmo e completamente isolada, especialmente da metade para o final. As sequências de ação são patéticas e a condução de Ludovico Di Martino (Pipinara) é puro tédio, disfarçado de drama que não decola. O diretor não consegue manter a energia da premissa, não elabora cenas de ação marcantes e nem mesmo sabe lidar com seus personagens sem nuances. Apenas liga o piloto automático e faz o mínimo possível para não precisar se envolver mais profundamente na narrativa desgastante e fria que explora.

Conclusão

Dessa forma, vergonhosamente, ‘A Fera’ tenta ser um ‘Busca Implacável’ da Netflix, mas a cópia fracassa por ter muito menos emoção e substância. Mais vazia que a mente de quem a escreveu, a trama, movida por uma vingança tola, é enfadonha, repetitiva e total perda de tempo, que prova, de uma vez por todas, que top 10 da plataforma de streaming está longe de ser sinônimo de qualidade.

Nota: 1

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