Crítica | Crônicas de Natal 2 – Fábula ingênua com a nostalgia dos anos 1990

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Parece estar cada vez mais difícil um filme com a temática natalina sair da caixinha convencional e explorar novas vertentes. Não é que seja ruim ou que não agregue a tal nostalgia dessa época do ano que tanto funciona nas produções, mas, sinceramente, o desgaste é evidente e a falta de coragem dos realizadores demonstra o quanto nós, espectadores, nos satisfazemos com tão pouco e exigimos tão menos de um filme sobre a “magia do Natal”. A década de 1990 já passou têm 30 anos, mas o cinema ainda não compreendeu como mudar a estrutura básica de um filme família. Dessa maneira, com bem menos charme e o fator “novidade” do primeiro filme, ‘Crônicas de Natal: Parte Dois’ (The Christmas Chronicles 2) chega à Netflix sem muito gás e energia para reverberar, ainda que seja um grande repeteco do história anterior, agora em uma escala maior e com mais cenas de ação.

A trama e o elenco

Seguindo a premissa iniciada no primeiro filme, de 2018, Crônicas de Natal 2 continua os eventos da vida da jovem Kate Piercy (Darby Cam), que precisa (novamente) salvar o Natal, dessa vez, das artimanhas do rebelde elfo Belsnickel (Julian Dennison). Com a ajuda do Papai Noel (vivido pelo astro Kurt Russell), a menina embarca em uma aventura no Polo Norte e até mesmo através do tempo, tudo para que o clima do Natal não seja desfeito. Como podemos perceber, as cartas na manga da franquia já estão à beira de esgotarem e a sequência apela para uma jornada através do tempo, isolada no meio da trama, mas que certamente é seu melhor momento entre tantas decisões repetidas.

Ao assumir a datada narrativa dos anos 90, o diretor Chris Columbus (Harry Potter) faz uma referência a si mesmo enquanto explora a nostálgica cena musical no aeroporto, que se passa 30 anos no passado e trás a vibe ‘Esqueceram de Mim’, que também tem direção de Columbus. Esse momento é diversão purinha e aquece o coração através das lembranças que temos desse tipo de obra. Certamente, a premissa teria funcionado bem melhor se toda a trama se passasse nesse período do tempo, uma pena ter sido apressado o momento e isolado dentro da história feijão com arroz que se mantém grande parte da proposta. Além disso, outro ponto alto está no retorno de Russell como Noel. O ator é carregado de carisma e agrega uma personalidade canastrona ao personagem. Já Goldie Hawn, sua esposa fora das telas, também retorna como a Mamãe Noel progressista. O casal tem uma química deliciosa em cena.

A direção e o roteiro

O trabalho de Columbus, por sua vez, é majestoso nas cenas de ação, com uma câmera que flutua e navega pelos cenários bem realizados e mais investidos da sequência. O que falta de contemporaneidade no diretor, sobra de experiência em como construir tramas simples, diretas e feitas para agradar o público infantil. O fato de não ousar sair da zona de conforto, mesmo que arrisque levemente com uma cena musical isolada, acaba não levando a franquia para lugar algum e, com isso, justificando bem pouco a necessidade dessa sequência.

O roteiro é falho em desenvolver profundidade nas relações pessoais e na protagonista, que parece estar seguindo apenas o script de uma adolescente convencional rebelde, com todos os seus estereótipos. A trama explora diversos eventos simultâneos e isso mantém um bom ritmo, especialmente por dividir a história por núcleos, fora isso, o design de produção chama a atenção pelos cenários grandiosos e a ambientação colorida, carregada de vivacidade, que cativa nosso olhar.

Conclusão

O espetáculo colorido que é ‘Crônicas de Natal 2’ deve agradar as crianças, mas a falta de novidade de um roteiro água com açúcar datado, não leva a franquia para lugar nenhum e perde grande parte de seu charme pelo caminho. Ao repetir a fórmula do primeiro, a fábula ingênua até possui boas cenas de ação e um musical divertido, porém, está aprisionada ao modelo nostálgico dos filmes natalinos dos anos 1990, muito por conta da maneira de como Chris Columbus conduz a narrativa, com medo de sair da zona de conforto e salgar a ceia de Natal, o que não seria má ideia, tendo em vista a enorme quantidade de filmes terríveis que está saindo. Um tempero novo faria muita diferença.

Nota: 6

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