O ator de Harry Potter, Daniel Radcliffe, postou uma longa resposta na segunda-feira aos controversos tweets transfóbicos postados pela autora J.K. Rowling em 6 de junho.
“Mulheres trans são mulheres”, escreveu Radcliffe em um texto publicado no site do Trevor Project, uma organização sem fins lucrativos dedicada à intervenção em crises e prevenção de suicídio para pessoas LGBTQ. “Qualquer declaração ao contrário apaga a identidade e a dignidade de pessoas transgênero e vai contra todos os conselhos dados por associações profissionais de saúde que têm muito mais experiência no assunto que Jo ou eu.”
O ator de 30 anos citou que 78% dos jovens trans e não-binários relataram ter sido discriminados devido à sua identidade de gênero.
“Está claro que precisamos fazer mais para apoiar pessoas trans e não-binárias, não invalidar suas identidades e não causar mais danos”, escreveu Radcliffe.
No sábado, Rowling postou uma série de tweets nos quais argumentava que a discussão sobre identidade de gênero invalida o sexo biológico.
“Se o sexo não é real, não há atração pelo mesmo sexo. Se o sexo não é real, a realidade vivida das mulheres em todo o mundo é apagada. Conheço e amo pessoas trans, mas apagar o conceito de sexo remove a capacidade de muitos de discutir suas vidas de maneira significativa. Não é ódio falar a verdade”, ela escreveu. “A ideia de que mulheres como eu, que têm empatia por pessoas trans há décadas, sentem parentesco porque são vulneráveis da mesma maneira que as mulheres – ou seja, a violência masculina – ‘odeiam’ pessoas trans porque acham que o sexo é real e viveu consequências – é um absurdo.”
A autora foi imediatamente criticado por uma série de pessoas, incluindo ativistas e organizações homossexuais proeminentes, por negar as consequências vividas das experiências das pessoas trans. Muitos fãs de Harry Potter também expressaram angústia por Rowling ter prejudicado, talvez irreparavelmente, seu amor pelos sete livros.
Radcliffe se dirigiu diretamente aos fãs em seu texto na segunda-feira.
A todos aqueles que agora sentem que sua experiência com os livros foi manchada ou diminuída, sinto profundamente pela dor que esses comentários causaram. Espero de verdade que vocês não percam totalmente o que foi valioso nessas histórias para vocês. Se esses livros ensinaram que amor é a maior força do universo, capaz de superar qualquer coisa; se eles ensinaram que a força é encontrada na diversidade, e que ideias dogmáticas de pureza levam a opressão de grupos vulneráveis; se vocês acreditam que um personagem em particular é trans, não-binário, ou tem gênero fluido, ou é gay ou bissexual; se você encontrou qualquer coisa nessas histórias que ressoou em você e ajudou em qualquer momento de sua vida — então isso é entre você e o livro que você leu, e isso é sagrado.
Radcliffe reconheceu que a mídia pode descrever sua afirmação como “briga entre JK Rowling e eu”, e ele estava claro que Rowling era “inquestionavelmente responsável” pelo curso de sua vida. Mas ele sentiu que tinha que falar.
Fonte: Variety
