Crítica | Noite Adentro – Mistura de ‘Lost’ com ‘Manifest’ é perfeita para maratonar

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Certamente, os fãs de ‘Lost’ estão até hoje em busca de uma série de suspense que seja tão bem desenvolvida em seus mistérios como ela conseguiu ser, ainda que o desfecho tenha desagrado alguns, é impossível não afirmar que o seriado estabeleceu a base para diversas outras séries de do gênero que vieram desde o seu fim, em 2010. Como ‘Manifest’, por exemplo, e a nova belga ‘Noite Adentro’ (Into The Night), aposta simples e eficaz da Netflix no ramo de “histórias intrigantes em aviões”. No entanto, essa última é menos ambiciosa que as outras e é exatamente esse dinamismo e despretensão que a faz ser tão boa.

Ainda que seja um fruto de ‘Lost’, a premissa está mais para ‘The Strain’, série de terror desenvolvida por Guillermo del Toro, que mostra um misterioso avião atacado por um vírus. Já em ‘Noite Adentro’, o inimigo é o sol, sim, por mais vago que possa parecer inicialmente, com o desenvolvimento da trama percebemos o quanto essa ameaça é angustiante e auxilia na proposta frenética de fazer a história se movimentar antes que amanheça. O roteiro é ágil, assim como a direção, deixando pouquíssimo tempo para absorção e seguindo um ritmo apressado em todos os capítulos que, aliás, são repletos de informações importantes, ou seja, não tem enrolação. Outro elemento inspirado em ‘Lost’ é a divisão de personagens por episódios. Cada capítulo leva o nome de um deles e, entre a trama atual, vemos recortes de seus passados.

No mesmo ritmo, os personagens também são importantes para o desenrolar da história, sendo que cada um tem uma função específica que ajuda, até mesmo, a cobrir as possíveis brechas deixadas pelo roteiro, como a presença de um mecânico de aviões a bordo, por exemplo. No entanto, talvez com receio de que não haja uma possível segunda temporada, a série descarta sem medo seus personagens quando necessário e centraliza seu protagonismo em outros, quando são essenciais para as missões que precisam fazer durante as paradas em aeroportos pelo mundo. Como é a corrida contra algo tão natural como o nascer do sol o grande ato destruidor, o suspense é criado em cima do tempo e das surpresas que o grupo de sobreviventes terão pelo caminho. A montagem, com um som constante de tic-tac, faz tudo parecer ainda mais urgente e desenfreado.

A primeira temporada conta com seis episódios e é um caso raro de que poderia ter tido mais, talvez 8 capítulos, apenas para dar fôlego em algumas sequências que acabam passando rápidas demais e se aprofundar ainda mais no passado de alguns personagens curiosos. Ainda assim, os dois últimos capítulos são ainda mais corridos, já que precisa concluir o arco da temporada e colocar os sobreviventes em segurança, fora do avião. O tempo dos episódios também varia e alguns são menores, o que é bom. Não há o tão habitual desgaste que algumas outras produções mais novelescas possuem. Tudo é apresentado e desenvolvido sem encheção de linguiça, até mesmo as pontas soltas e os mistérios são resolvidos, em sua grande maioria, nessa temporada. Por esse lado, talvez se criasse uma dúvida na cabeça do espectador sobre se o mundo fora do avião está mesmo acabando ou não teria sido ainda mais intrigante e criativo. Um caminho que geraria novas intrigas e desconfianças, que deixariam a trama ainda mais rica.

De qualquer forma, ‘Noite Adentro’ é uma das  séries mais frenéticas e eficientes da Netflix, que não enrola e tem uma primeira temporada amarradinha, desenfreada, intrigante e muito criativa. Sem dúvida, uma série que precisa ser consumida imediatamente, enquanto seus mistérios fervem no ar. Esse bebê de ‘Lost’ com ‘Manifest’ faz o que os fãs de suspense pedem há anos: uma proposta criativa, sem medo de repetir fórmulas e que foca todas as suas energias em criar uma história coerente e astuta. Finalmente uma boa série consegue entregar isso.

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