Crítica | Hamilton – Potencialidade teatral em tela grande

Ter a chance de rever Hamilton no cinema, anos depois de sua estreia no Disney+, reacende imediatamente uma questão antiga: afinal, estamos diante de um filme ou apenas de teatro filmado? A discussão nunca encontrou uma resposta definitiva — talvez nem precise. Para Lin-Manuel Miranda, criador e protagonista do musical sobre Alexander Hamilton, pouco importa a caixa em que a obra é colocada. O essencial é o impacto que suas quase três horas provocam no público, esteja ele na plateia de um teatro, diante da tela grande ou no sofá de casa.

Sob a direção de Thomas Kail, o registro audiovisual funciona como uma celebração da ousadia de Miranda: conceber um espetáculo inteiro cantado, sem diálogos falados. Uma proeza que, guardadas as devidas proporções, lembra a tentativa frustrada de Tom Hooper em Os Miseráveis. No palco, essa intensidade é facilmente absorvida. Mas quando várias câmeras entram em cena, o desafio muda — e Kail resolve isso abraçando a linguagem do cinema.

Sua câmera se dedica a explorar minúcias: gestos, coreografias, expressões do elenco. A montagem confere ritmo à narrativa de 160 minutos, potencializando a dramaticidade das músicas. Teatro também é narrativa, mas aqui a gramática cinematográfica intensifica o alcance do espetáculo, tornando-o algo além de um simples registro.

A ousadia de Hamilton não está apenas em sua forma musical. Escalar atores negros e latinos para interpretar figuras históricas brancas ressignifica a fundação dos Estados Unidos, lembrando que o país deve sua existência ao trabalho de imigrantes. A escolha se soma a uma trilha que foge do padrão dos musicais: o rap e a cultura hip-hop dão energia, atualidade e dimensão política à obra.

Enquanto filme — e vamos chamá-lo assim — Hamilton ganha ainda mais potência. A direção de Kail entende o ritmo das composições de Miranda e sabe exatamente quando e onde mirar sua câmera. O elenco responde com interpretações memoráveis, entre elas a breve, mas impagável, participação de Jonathan Groff, que transforma o Rei George III em uma caricatura cruel e hilariante.

No fim, pouco importa se Hamilton é cinema, teatro filmado ou uma mistura dos dois. O que chega ao público é um espetáculo vibrante, que se reinventa a cada meio e prova que sua força está na capacidade de emocionar, questionar e entreter em qualquer formato.

Nota: 8/10

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