Rachel Daisy Ellis estreia como diretora em longa documental sobre motéis: EROS chega aos cinemas em junho

Após duas décadas construindo uma sólida carreira como produtora de cinema no Brasil, Rachel Daisy Ellis dá um passo importante em sua trajetória artística: ela estreia na direção de longas-metragens com EROS, documentário que chega às telonas no dia 12 de junho, com distribuição da Fistaile. A obra marca um novo capítulo na carreira da cineasta, justamente no ano em que seu trabalho como produtora foi celebrado internacionalmente com o prêmio de Urso de Prata no Festival de Berlim pelo filme O Último Azul.

Apresentado em eventos como a Mostra de Cinema de Tiradentes e o prestigiado festival CPH:DOX, na Dinamarca, EROS mergulha em um universo peculiar e ainda pouco explorado pelo cinema: o dos motéis brasileiros. Fruto de uma pesquisa de longa data, o filme observa esses espaços como parte fundamental da vida íntima nacional — lugares ao mesmo tempo cotidianos e envoltos em tabu.

“O motel sempre me despertou curiosidade, principalmente pela sua onipresença nas cidades brasileiras e pelas contradições que carrega”, diz Ellis. O interesse remonta à sua chegada ao Brasil, há 21 anos, e se transformou em projeto cinematográfico após anos de amadurecimento e elaboração de um formato que equilibrasse observação e participação.

A proposta estética e narrativa do documentário nasce dessa inquietação: EROS convida personagens reais a se autorregistrarem durante uma noite em uma suíte de motel. O dispositivo participativo foi escolhido justamente para criar um ambiente de confiança e dar autonomia aos envolvidos. “Quando entendi que podia unir esse interesse antigo com um formato em que as próprias pessoas se filmam, senti que estava diante do filme que eu precisava fazer”, afirma.

Essa escolha dialoga com a experiência prévia de Ellis na produção de Doméstica, de Gabriel Mascaro, que também utilizava o autorregistro como recurso central. Além disso, a cineasta tem formação em metodologias participativas, o que fortaleceu sua segurança ao trabalhar com esse tipo de linguagem.

Em EROS, o olhar da diretora se volta não apenas à arquitetura e à função social dos motéis, mas também às experiências subjetivas que esses locais despertam. Ao dar voz a histórias que fogem dos estereótipos, o documentário abre espaço para reflexões sobre intimidade, desejo e afeto no Brasil contemporâneo.

Ellis considera o controle parcial da narrativa como um dos aspectos mais ricos da obra. “Foi nos limites impostos pelo próprio dispositivo que o filme encontrou sua força. Havia algo mágico no que as pessoas estavam dispostas a compartilhar”, conta. O impacto dessa abordagem foi tão significativo que a diretora já desenvolve dois novos projetos de longa documental baseados na mesma lógica participativa.

EROS estreia nos cinemas brasileiros em 12 de junho, e promete provocar discussões profundas sobre sexualidade e identidade, partindo de um cenário onde o público raramente tem acesso: a intimidade das suítes de motel.

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