Crítica | Operação Vingança – Rami Malek e a espionagem mais sem sal do ano

O medo de arriscar pode ser tanto uma bênção quanto uma maldição no cinema. Em certos casos, sair da zona de conforto pode arruinar uma história simples, porém eficaz. Mas, na maioria das vezes, não ousar em nada é um erro ainda maior — especialmente em uma produção cara, com um vencedor do Oscar no elenco. Operação Vingança (The Amateur) vive exatamente nesse dilema.

De um lado, é um thriller de espionagem que respeita os moldes clássicos do gênero, com direito a conspiração global e todos os elementos tradicionais. Do outro, falta qualquer traço de originalidade. Nada aqui soa novo ou ousado — algo que, por exemplo, Código Preto, de Steven Soderbergh, consegue com inteligência e coragem.

Estrelado por Rami Malek, o filme tropeça justamente por não conseguir ir além dos clichês mais básicos. É como assistir a um episódio de Tom e Jerry: você já sabe exatamente para onde essa história vai. E isso cansa.

Os acertos e erros de Operação Vingança

Apesar de se ambientar em um universo relativamente plausível (e baseado no romance de mesmo nome de Robert Littell) — mesmo com a presença de um hacker capaz de fazer praticamente qualquer coisa com tecnologia —, o filme se distancia do estilo explosivo à la 007 e aposta em uma trama de vingança com toques românticos. A proposta até apresenta boas ideias, mas carece de engenhosidade para executar sua premissa de forma convincente.

Quando Heller, um homem comum com um QI elevadíssimo e cargo na CIA, perde sua esposa Sarah (vivida por Rachel Brosnahan) em um atentado terrorista, ele vira uma espécie de MacGyver movido pela dor e pela necessidade de justiça. A partir daí, embarca em uma caçada para encontrar os responsáveis e honrar a memória dela. No entanto, o roteiro frágil e mal desenvolvido tenta costurar elementos demais em uma narrativa fragmentada e sem fôlego.

Convenhamos, Rami Malek simplesmente não tem carisma para sustentar um protagonista — especialmente um que exige empatia do público para sua jornada emocional. Limitado e inexpressivo, o ator pouco contribui, e o roteiro tampouco lhe dá material para brilhar. Ainda assim, há um ponto positivo: a transformação de Heller em uma espécie de assassino relutante é construída com calma e funciona bem.

Seu código moral, que o impede de atirar em alguém, leva o personagem a usar inteligência e criatividade para manipular o ambiente, criando armadilhas e situações que lembram os jogos psicológicos de Jogos Mortais. Nesse aspecto, a frieza e o comportamento calculista de Heller até combinam com a rigidez de Malek — mas isso está longe de compensar a falta de carisma. A química com Rachel Brosnahan, por exemplo, é inexistente.

Além disso, o filme desperdiça um elenco de peso: Julianne Nicholson está excelente como sempre, e Laurence Fishburne entrega o que pode, mas ambos estão presos a personagens vazios e sem propósito. O caso mais gritante, porém, é Jon Bernthal, completamente deslocado na trama, em uma participação que beira o constrangimento.

Veredito

Para quem procura um thriller de espionagem genérico, confortável e sem grandes surpresas, Operação Vingança pode até cumprir seu papel — especialmente por ser tecnicamente competente. Mas é frustrante ver uma produção tão cara, com um elenco de peso e uma premissa promissora, se render aos mesmos clichês de sempre. Falta personalidade, ousadia e, principalmente, autenticidade.

Rami Malek, mais uma vez, entrega uma atuação apática e não convence como o espião nerd que protagoniza a trama. Ele simplesmente não sustenta o personagem, e sua presença em cena chega a ser entediante. O diretor James Hawes, por sua vez, parece perdido entre querer fazer algo elegante e entregar um filme que empolgue — e falha nos dois objetivos. O resultado é uma obra fria, distante, sem ritmo e que por vezes roça o amadorismo.

Nota: 5/10

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