Crítica | Jackpot: Loteria Mortal – Comédia pastelão tira a sorte grande

Para muitos, ganhar na loteria representa a realização de um sonho, enquanto para outros, pode se transformar em um verdadeiro pesadelo. Assim como o azarado Hugo Hurley em LOST, ou o inquietante “milagre ao contrário” de Não! Não Olhe! de Jordan Peele, às vezes, a sorte pode parecer mais uma maldição. Embora essas obras não tenham ligação alguma com Jackpot: Loteria Mortal, nova comédia de ação do Prime Video, todas compartilham a mesma ideia: sorte nem sempre é sinal de boas notícias, especialmente quando pode custar a vida.

Os acertos e erros de Jackpot: Loteria Mortal

Na trama até criativa, comandada pelo incompreendido Paul Feig (Missão Madrinha de Casamento), essa premissa divertida toma forma em uma luta alucinada pela sobrevivência, onde ser o sortudo da vez tem um preço alto. No entanto, apesar do ritmo acelerado e da ação constante, o filme muitas vezes perde o fio da meada, compensando seus tropeços com uma química cativante entre Awkwafina e John Cena, que roubam a cena com sua parceria improvável.

O filme constrói uma distopia que lembra Black Mirror, mas ao invés de mergulhar no sombrio, aposta em uma comédia irreverente ambientada em um futuro próximo e caótico, que ecoa as desigualdades do presente.

Embora não se proponha a fazer uma crítica social contundente, o longa flerta de leve com esses temas, preferindo focar na diversão em vez de se aprofundar nas causas. Para que seus absurdos façam sentido, o filme se apoia no carisma de seu elenco, que transforma o exagero em entretenimento puro e descompromissado.

Porém, esse conceito, cheio de promessas e potencial, acaba sendo bem mais raso do que parece. O roteiro permanece preso na fórmula básica do gênero, sem ousar ou inovar. Embora a ação frenética mantenha o público acordado, o mundo futurístico carece de uma identidade marcante que realmente prenda e inspire a imaginação. Boas ideias se perdem em uma execução tristemente superficial.

Awkwafina (Podres de Ricos) interpreta Katie, uma jovem que, por acidente, se torna a vencedora do cobiçado (e perigoso) prêmio da loteria. Para mantê-lo, precisa sobreviver até o pôr do sol, enfrentando saqueadores com a ajuda de seu guarda-costas, interpretado pelo sempre divertido John Cena (Pacificador). Embora o elenco tenha um ótimo timing cômico, ambos os atores permanecem dentro de suas zonas de conforto, sem trazer algo novo para seus papéis.

Por mais absurda e potencialmente divertida que seja a premissa, Jackpot vive em uma constante crise de identidade. Ele oscila entre ser uma comédia escrachada, um drama social e um filme de ação desenfreada, tentando abraçar tudo, mas sem se destacar em nenhum desses gêneros.

Ainda assim, consegue equilibrar essa mistura de ideias com certa habilidade, embora falhe mais como um filme de ação – em sua tentativa frustrada de ser um John Wick – do que como uma comédia despretensiosa, estilo pastelão, nos moldes de Quiz Lady, um dos recentes acertos da atriz.

Além disso, o longa busca prestar homenagem ao cinema de ação de Jackie Chan, mas acaba por não capturar a essência de seu legado tão bem quanto Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis, que também conta com astros de Jackpot – aliás, Simu Liu como vilão está absolutamente ruim, papel totalmente replicado do filme Atlas, da Netflix.

Toda vez que a trama desacelera para explorar a conexão entre os personagens, ambos os atores trazem uma entrega genuína, como se estivessem em algo mais profundo do que uma simples comédia bobinha. Eles conseguem dar um peso real às suas falas, apesar de estarem em um filme cujo roteiro raso parece existir apenas para encaixar piadas fáceis. E é justamente isso que torna o restante de Jackpot ainda mais frustrante — a incapacidade de harmonizar seus muitos elementos dissonantes em uma experiência coesa e satisfatória.

Veredito

Jackpot: Loteria Mortal não traz nada de realmente novo que já não tenhamos visto antes, o que é frustrante, considerando sua premissa divertida e criativa de um futuro distópico que oscila entre o sombrio e o cômico. No entanto, a química entre o elenco é o verdadeiro bilhete premiado, elevando a ação com um toque extra, embora o gosto fique um pouco amargo com piadas que nem sempre funcionam.

E esse é o grande problema do filme: ele falha em explorar plenamente o potencial que poderia torná-lo algo grandioso. No fim das contas, a experiência acaba sendo tão clichê quanto animada, ora descontrolada, ora excessivamente superficial, frustrando como se você tivesse que dividir um prêmio de loteria cobiçado por muitos.

NOTA: 6/10

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