A série espanhola da Netflix, ‘Gangues da Galícia‘ apresenta uma história criminal que gira em torno de uma notória família criminosa na cidade de Cambados, na região de mesmo nome. Depois que a protagonista, Ana Gonzalez Soriano, fica sabendo do envolvimento passado de seu pai com a família do tráfico de drogas Padin, ela percebe que este último pode ter ligações com a morte do primeiro. Como resultado, a advogada deixa a sua vida em Madrid e viaja para Cambados para se infiltrar na família criminosa Padin e vingar-se do seu patriarca, José.
Porém, enquanto o homem continua preso por seus crimes passados, Ana se cruza com o do filho dele, Daniel, que se deixa facilmente intrigar pela mulher. Seguindo o plano de vingança de Ana, investigando a história do cartel Padin com seu pai, José Silva. Consequentemente, a narrativa oscila entre o romance central e o mundo de criminalidade que o rodeia. Naturalmente, a história acaba investigando os crimes do tráfico de drogas na Espanha de uma forma que convida à especulação sobre a sua ligação com a realidade.
Índice
Gangues da Galícia: A inspiração real por trás do cartel de drogas Padin
‘Gangues da Galicia’, também conhecido como ‘Clanes’ no espanhol original, mantém raízes parciais na realidade, pois equipa a história da vida real da Espanha com o tráfico de drogas como sua principal fonte de inspiração.
Embora o programa ficcionalize a maior parte de sua narrativa, ele tem uma base subjacente nos eventos que ocorreram na Espanha durante a década de 1990. Na época, as autoridades espanholas haviam iniciado uma ampla investigação, a Operación Nécora, para prender traficantes de drogas na Galícia. Consequentemente, Manuel Charlín Gama, um chefão do tráfico da Galícia — bem conhecido em toda a Europa — continuou sendo uma figura crucial no radar dos policiais.
Charlín dirigiu uma lucrativa rede de drogas na Galícia durante os anos 80 e 90, com um clã composto maioritariamente por familiares próximos, incluindo a sua esposa e filhos, em posições de autoridade. Assim, o clã passou a ser conhecido como “Los Charlines”, pois se dedicava ao contrabando de tabaco, maconha e cocaína.
Segundo relatos, a família trabalhou com contatos marroquinos e colombianos para contrabandear maconha e cocaína, respectivamente, para Espanha através de lanchas rápidas. Embora a Operación Nécora tenha conseguido prender o traficante em 1990, mesmo ano do início da investigação, Charlín deixou a prisão em 1994, após ser absolvido.
No mesmo ano, Manuel Baúlo, membro de confiança da gangue de Charlín envolvida na fiscalização do transporte de contrabando, acabou delatando o cartel. Pouco depois, ele foi assassinado por assassinos colombianos. Mesmo assim, o seu testemunho fez com que o patriarca dos Charlines fosse preso e colocado atrás das grades em 1995. Apesar de nunca ter sido condenado por envolvimento no assassinato de Baúlo, persiste a crença geral de que Charlín estava por trás da morte do primeiro.
Embora as histórias de criminalidade de Charlín e do seu bando tenham muitas facetas diferentes, antes e depois do incidente com Baúlo, estes acontecimentos particulares parecem ser a principal inspiração por detrás da narrativa dos “Gangues da Galícia”.
Na série, o ponto central do conflito surge quando Ana percebe que seu pai estava envolvido com o cartel Padin e fugiu de Cambados após condenar José Padin à prisão. Portanto, uma vez que o homem morre por meio de um assassinato misterioso, Ana rastreia o assassinato até os Padins e jura derrubar a família do crime.
A personagem e a narrativa de Ana permanecem inteiramente fictícias, uma vez que a morte imediata de Baúlo após o seu depoimento não deixou margem para herdeiros vingativos. No entanto, o enredo que gira em torno do pai de Ana, José Silva, e José Padin apresenta uma semelhança inegável com a história da vida real de Charlín e Baúlo.
Portanto, fica evidente que a série se inspira na realidade na construção de seu enredo central, ao mesmo tempo em que ficcionaliza as diversas histórias que se desenrolam em torno dele. Em última análise, a ligação da série com Charlín fortalece seus laços com a realidade.
Misturando histórias fictícias com inspirações realistas
Devido à ligação da série com os acontecimentos da vida real entre Manuel Charlín Gama e Manuel Baúlo, o seu enredo criminal amadurece com inspiração realista. No entanto, o enredo central da aventura vingativa de Ana, que resulta num romance turbulento, permanece confinado à ficcionalização. A representação do programa sobre o tráfico de drogas na Galícia e a subsequente repressão das autoridades tem origem na aspiração de um retrato autêntico do submundo do crime espanhol.
Para fazer isso, o roteirista Jorge Guerricaechevarría se inspirou significativamente na história real da Galícia com o tráfico de drogas. Para o mesmo, a série sustenta seus paralelos com Los Charlines e Operación Nécora. Além disso, ele também levou em consideração os outros aspectos do mundo do crime.
Por exemplo, a equipe criativa por trás da série consultou advogados da vida real que têm/tiveram experiências com famílias criminosas ou traficantes. O mesmo ajudou a pintar a narrativa de Ana em uma luz realista. Da mesma forma, também ajudou a atriz Clara Lago a incorporar o personagem com autenticidade.
Portanto, as referências da vida real certamente moldaram o programa de maneiras valiosas. No entanto, outro aspecto instrumental da autenticidade do programa decorre da representação das relações interpessoais entre os personagens. A maioria dessas histórias, incluindo o romance de Ana e Daniel, o trágico abandono da família Silva e a dinâmica interna da família criminosa Padin, não mantém conexões diretas com a realidade. Assim, o programa continua sendo uma combinação de inspirações criminosas da vida real e dramatização ficcional.
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