Crítica | Mamonas Assassinas – O Filme se perde na homenagem e não agrega novidade

É muito difícil falar da música brasileira das últimas décadas sem falar de Mamonas Assassinas. A astronômica carreira, que durou apenas 8 meses entre 1995 e 1996, deixou sua marca em mais de uma geração pela irreverência e originalidade do grupo musical formado por 5 garotos da cidade de Osasco.

Peça importante da cultura popular brasileira, é de surpreender que tenha levado quase 30 anos para uma cinebiografia tenha sido feita. Infelizmente, Mamonas Assassinas – O Filme se perde em fazer mais uma homenagem do que contar uma história, parecendo diluído para quem passou as últimas 3 décadas vendo homenagens na data de morte da banda e não conseguindo mostrar a importância do grupo para as gerações atuais que não viveram o frenesi dos Mamonas nos anos 90.

Quando Dinho, Júlio, Bento, Sérgio e Samuel decidem formar uma banda de rock, os 5 rapazes não imaginavam que sairiam de aberturas de comícios políticos e festas de aniversários para todas as rádios do Brasil. Entre fracassos, mudanças de nomes e contratos com grandes gravadoras, essa é a história do Mamonas Assassinas, a banda que tomou o país de assalto em meados de 1990.

Uma das maiores características de Mamonas Assassinas – O Filme talvez seja o desperdício. Não que seja um desperdício de tempo assistir ou da produção de ter feito o longa, mas de perceber que existia uma história muito grande a ser contada, e que é pontuada diversas vezes, mas que foi deixada de lado para focar no lado lúdico da banda. Muitas das grandes viradas do grupo, composições de músicas, mudanças de nome e de relacionamentos, funcionam apenas como vírgulas entre as cenas dos 5 integrantes no palco, sem grande desenvolvimento.

Além disso, a vida pessoal de cada um, que é o lado desconhecido para o grande público, também serve apenas como pano de fundo para os inúmeros shows e apresentações que roubam o tempo de tela da história que poderia ser contada. Das poucas vezes que o filme tenta se aprofundar na história sem um microfone ligado, é o destaque para o produtor musical Rick Bonadio.

Responsável por lançar a banda para o Brasil, Bonadio não só bancou os Mamonas quando ainda se chamava Utopia, mas também lhes deu uma segunda chance quando seu primeiro lançamento foi um fracasso comercial. O filme foca bem na figura do produtor e sua importância para não só a mudança de nome, mas também para a mudança de identidade, saindo de um grupo de rock progressivo para a banda escrachada que conhecemos.

O lado pessoal dos irmãos Sérgio e Samuel, baixista e baterista da banda, também é mais explorado que os demais integrantes, mas isso só acentua o quanto o filme opta por não contar ao público uma história possivelmente inédita e foca no que todos nós já vimos em especiais de todas as emissoras de televisão brasileiras. Enquanto Samuel e Sérgio tem sua vida bem exposta, Dinho é quase um conto de fadas onde tudo dá certo com um filme da Disney. Os restantes dos integrantes, Júlio e Bento, não somam sequer 10 minutos de tela de suas vidas privadas.

O que torna o filme mais assistível diante de muitas vezes soar mais como uma homenagem repetida do Domingo Legal ou do Domingão do Faustão é o carisma do elenco. Os atores estão muito à vontade nos papéis e claramente o clima das gravações deve ter sido dos melhores, pela forma como todo o elenco e produção se posicionam em tapetes vermelhos e coletivas de imprensa.

Por fim, Mamonas Assassinas – O Filme vai levar muito dos fãs apaixonados para o cinema, mas apresenta muito pouco que já não tenha sido mostrado, dito ou escrito sobre a banda. Para quem só quer se emocionar ao lembrar do grupo, é um prato cheio, mas dificilmente vai impactar novas gerações e mostrar o quão gigantesco foi o fenômeno Mamonas Assassinas.

Nota: 4/10

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