Crítica | Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante – Uma obra sobre a experiência de amadurecer

A adolescência, sem dúvida, é uma fase de reflexão e descobrimento. No entanto, esse período da vida pode ser marcado por muita desordem e crises internas. Afinal, quanto mais entendemos sobre nós mesmos, mais difícil é se encaixar nos padrões impostos pela sociedade. Nesse sentido, Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante é um nome interessantíssimo para uma obra que explora a reveladora e dolorosa experiência que é amadurecer.

Na trama, os personagens do título são dois adolescentes que vivem em El Paso, Texas. Melhores amigos, Aristóteles e Dante precisam lidar com o preconceito alheio enquanto se descobrem como indivíduos. 

E com “indivíduos”, quero dizer mais que “meninos gays”. Os conflitos internos de ambos os personagens não se limitam apenas às suas sexualidades. Ao longo do filme, Aristóteles e Dante lutam pela afirmação de suas identidades culturais, por exemplo. Além disso, os protagonistas não conseguem se misturar com outras pessoas com idades similares por se sentirem deslocados. 

Em resumo, a obra não é focada apenas no romance juvenil. Vale dizer, inclusive, que o filme é uma adaptação do livro “Aristóteles e Dante Descobrem os Segredos do Universo”, do autor mexicano Benjamin Alire Sáenz. O texto traz consigo uma ideia um pouco mais ampla e universal do que a juventude pode significar para garotos que são tão “incomuns” aos olhos da sociedade. 

Como alguém que assistiu apenas ao filme, no entanto, não saberia dizer até que ponto esses temas são trabalhados na obra original. Na adaptação, por outro lado, é clara a intenção de fazer do filme mais que uma história de amor entre jovens homossexuais. 

Infelizmente, o longa tem dificuldade em encontrar um tom que reforce essa ideia. Uma vez que a história alterna muito entre leveza e tensão, parece que estamos vendo duas obras completamente distintas: a primeira é uma delicada história de amor e aceitação. A outra, uma trama angustiante e com pitadas exageradas de violência gráfica. 

Veja bem, é clara a intenção do roteiro em traçar os paralelos entre descobrimento e sofrimento. O grande problema, ao meu ver, não está no texto, e sim na técnica. A direção de Aitch Alberto não consegue equilibrar de forma natural os conceitos opostos abordados pela trama. No fim, o filme acaba não sendo nem uma coisa, nem outra. 

O trabalho do elenco também não ajuda. Por mais que os protagonistas cumpram seus papéis de forma satisfatória, o restante das atuações é vazia e não conseguem transitar espontaneamente entre as diferentes camadas da história. É difícil criar um vínculo com os personagens e se emocionar com suas relações. 

Fica então a impressão que Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante sabia exatamente a história que queria ser. No entanto, os conceitos abordado pelo texto não são bem trabalhados em tela. O resultado final é um filme com pouco carisma e que se perde em sua própria essência. 

Nota: 5/10

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