Crítica | Jogos Mortais X – Um presente sangrento aos fãs de longa data

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Se você já pensou que conhecia o lado humano de um vilão, pense novamente. A franquia Jogos Mortais sempre fez questão de lembrar seus espectadores da dualidade do ser humano e, em Jogos Mortais X (Saw X) – que chega ao Brasil novamente pela Paris Filmes -, esta premissa é levada a outro nível.

O vilão mais humano de qualquer franquia cinematográfica está de volta para mais um capítulo de sua jornada equivocada sobre como fazer alguém valorizar a vida. Após 9 filmes e um spin-off que não merece ser mencionado, Jigsaw retorna para uma narrativa mais íntima, onde é, paradoxalmente, a grande vítima da história.

Com um tom distinto dos demais filmes, este longa não tenta reinventar a roda – ou melhor, a serra –, mas destila com maestria o jogo que fez da saga um marco do cinema torture porn. Mergulhando nas profundezas da mente perturbada de John Kramer, somos surpreendentemente lembrados de que essa franquia ainda tem cartas na manga.

A trama e o elenco de Jogos Mortais X

X – o décimo capítulo – é um enigma dentro da já intrincada cronologia da série. Como um elixir curativo, o filme explora a origem das intenções por trás de Kramer, inserindo-se entre o primeiro e o segundo filme da saga. Mas este elixir tem um sabor amargo, já que nos desviamos para entender detalhes que parecem mais perdidos do que reveladores.

Nesta nova história, a busca por uma cura milagrosa leva o adoecido John Kramer ao México. Mas o que deveria ser uma luz no fim do túnel torna-se um abismo quando ele descobre que tudo é uma farsa macabra. Agora, com seu sangue fervendo por justiça, Jigsaw põe em marcha suas armadilhas mortais, virando o jogo contra aqueles que tentaram enganá-lo.

O retorno dos principais atores da saga é nostálgico. Porém, enquanto revemos rostos conhecidos como Shawnee Smith e Costas Mandylor, e o sempre carismático Tobin Bell, há uma sensação inescapável de que estamos assistindo a sombras do passado, ecoando um tempo onde a franquia tinha uma direção mais clara.

Tobin Bell, em particular, brilha com uma performance que dá vida a um Jigsaw mais vulnerável. Os realizadores do filme jogam com a metalinguagem, insinuando a figura de Jigsaw como um peculiar “coach de autoajuda”. Esta inusitada abordagem humorística mostra que, talvez, a saga finalmente decidiu rir de si mesma, abraçando seus absurdos e contradições.

No entanto, a narrativa, embora tentadora, é intercalada por momentos de pura enrolação e uma duração que ultrapassa o limite da paciência. E, claro, não poderíamos deixar de citar o clichê filtro amarelado para retratar o México, algo que já deveria ter sido aposentado no cinema.

Quanto aos aspectos técnicos, Kevin Greutert comanda a montagem frenética, trazendo de volta a sensação clássica da franquia, principalmente durante os jogos. Mas, enquanto algumas armadilhas mostram a crueldade familiar da série, outras carecem da criatividade que nos fez grudar nas cadeiras em capítulos anteriores.

Veredito

No fim das contas, Jogos Mortais X é uma viagem ao passado que injeta um novo sangue na saga. O filme oferece uma abordagem mais profunda e emocional, algo raro de se encontrar em títulos com “Jogos Mortais” estampados na capa. Embora tenha seus deslizes, esta sequência se destaca como uma das melhores extensões da narrativa original.

Em resumo, a franquia, com este novo capítulo, se reinventa, equilibrando-se entre alma e carnificina. A visão de um Jigsaw diferente, mais humano, é uma reviravolta bem-vinda, e é um deleite ver Tobin Bell dominando a tela novamente. Jogos Mortais X é uma armadilha da qual, surpreendentemente, não queremos escapar – um presente sangrento e emocional para os fãs de longa data.

NOTA: 8/10

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