Crítica | One Piece – Netflix encontrou seu novo tesouro

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Se há algo mais elusivo que o One Piece em si, é a arte de adaptar perfeitamente um anime para live-action. Nem sempre a fidelidade é sinônimo de perfeição. A série da Netflix, One Piece, que tira suas páginas do mangá homônimo, tenta caminhar na tênue linha entre ser leal ao material de origem e definir sua própria personalidade. No fim, como um chapéu de palha de dois lados, ambos os aspectos são suas maiores forças e fraquezas.

Embora o universo peculiar do anime e suas especificidades brilhem em animação, em live-action, essa excentricidade oscila entre ser revigorante e cafona – por vezes constragedor de assistir de tão otaku. Mesmo com a evidente paixão por trás das câmeras e o cofre aberto da gigante do streaming, a série cai no dilema clássico: uma adaptação divertida, mas presa nos moldes, deixando pouco espaço para a surpresa. E, contra todas as probabilidades, ainda é impressionantemente bom.

A trama e o elenco

A epopeia narrada em 8 capítulos extensos é, de certa forma, um ato ambicioso que tenta encapsular a grandiosidade de cerca de 60 episódios de um arco do anime original. Inspirado no monumental mangá de Eiichiro Oda, que vem encantando gerações desde 1997, a série apresenta o carismático (e bastante expressivo) Iñaki Godoy como Luffy e Emily Rudd, que infunde vida e profundidade à intrincada Nami. A saga se desenrola acompanhando Luffy, com seu corpo elástico, perseguindo o sonho audacioso de reunir uma tripulação de renegados e buscar o título de Rei dos Piratas.

One Piece, em sua essência, sempre foi um mosaico riquíssimo de comédia, aventura e emoção. Tentar recriar essa magia em live-action é semelhante a capturar um relâmpago em uma garrafa. Esta temporada da Netflix se atira de cabeça, navegando pelas águas tumultuadas da história de Luffy, desde a aquisição de seus poderes elásticos até a formação de sua tripulação, tentando enfrentar o vasto e perigoso Grand Line. A tentativa de destilar a Saga East Blue em uma única temporada é notável, mas por vezes sente-se o aperto dessa adaptação, como um grande navio tentando navegar por um estreito canal.

A série, em sua travessia, enfrenta o desafio de narrar a grandiosidade do material de base enquanto evoca a familiaridade que os fãs tanto amam. As interações entre personagens, por vezes, parecem precipitadas, talvez devido ao ritmo acelerado que busca equilibrar os momentos icônicos com a profundidade emocional.

Contudo, é impossível negar a grandiosidade visual da série: desde as sequências de ação até os impressionantes efeitos visuais que dão vida à esticabilidade de Luffy e ao mundo mágico em sua volta. A série é uma festa visual, com cenários que parecem saídos de um sonho febril de pirata.

Em relação ao elenco, há verdadeiros diamantes aqui. Godoy, como Luffy, consegue equilibrar a ingenuidade e a tenacidade do personagem de forma impressionante, enquanto Rudd, como Nami, é o coração pulsante da série, oferecendo uma performance repleta de nuances e complexidade.

Personagens como Usopp, interpretado com fervor por Jacob Romero, e Sanji, trazido à vida pelo talentoso Taz Skylar, proporcionam momentos de puro carisma, embora a representação de Zoro por Mackenyu, por mais fiel que seja, por vezes careça da profundidade que os fãs tanto amam. Aliás, Jeff Ward – que vive o palhaço Buggy – rouba a cena com seu estilo Jack Sparrow conhece Coringa.

Veredito

Navegando em águas turbulentas, esta adaptação de One Piece da Netflix consegue ser uma homenagem fiel e ainda assim um espetáculo por direito próprio. Não é perfeito e oscila entre ser um farol para os fãs e uma incursão superficial para os desavisados. Contudo, não se afoga no mar de adaptações de animes falhas, mas tampouco consegue içar completamente a bandeira da perfeição.

Exagerado, bobo e puro entretenimento – a série consegue entregar uma jornada pungente que dá justiça ao espírito circense e pitoresco de anime. A libertação total de suas amarras de origem talvez permitisse um voo mais alto, mas este é um começo promissor. Se a Netflix acaba de encontrar seu novo tesouro ou apenas uma moeda de ouro em uma vasta praia, só o tempo dirá. Mas o potencial? Ahoy, ele definitivamente está lá.

NOTA: 7/10

Leia também: One Piece | Quem é o homem misterioso no fim? Entenda o final da 1ª temporada


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