Muitas vezes, seja no audiovisual ou em outras mídias, a “história dentro da história” é subaproveitada. Um olhar atento, no entanto, é capaz de captar tramas inteiras escondidas nos detalhes de obras populares. Afinal, certas narrativas são tão ricas que oferecem inúmeras possibilidades para aqueles que desejam recontá-las com suas próprias palavras.
Em Drácula — A Última Viagem do Deméter a grande sacada do roteiro é adaptar o clássico de Bram Stoker (Drácula, 1897) a partir do simples relato feito pelo capitão do navio que transportou o Conde até a Inglaterra. Este pequeno trecho do livro serviu como material base para o filme de horror náutico dirigido pelo norueguês André Øvredal (Histórias Assustadoras para Contar no Escuro e A Autópsia).
Enquanto o romance de Bram Stoker nos fornece poucas informações sobre o que ocorreu na última viagem do Deméter, o longa de Øvredal não poupa recursos gráficos para exibir todo o terror enfrentado pela tripulação do navio. Misturando subgêneros do horror como slasher, gore e monstros, trata-se de um projeto honesto e divertido para aqueles que estão cansados de prequelas e sequências.
Obviamente, o novo filme não tem a mesma complexidade da obra original ou até mesmo de adaptações diretas como o filme de Francis Ford Coppola (Drácula de Bram Stoker, 1992). No entanto, é fácil perceber a autoconsciência do longa em suas duas horas de duração. Ao entender-se como superficial, Drácula — A Última Viagem do Deméter possibilita que o espectador se surpreenda com a leveza de uma asquerosa experiência sensorial que tem como palco um navio em alto mar.
Inclusive, o cenário não poderia ser mais acertado. A sensação de claustrofobia é aumentada exponencialmente pela compreensão de que os personagens estão presos em uma embarcação de madeira antiga com uma criatura sedenta por sangue. O glamour habitual das obras que envolvem o Conde Drácula é substituído por um ambiente sujo, escuro e pela forma mais “crua” possível do vampiro.
Apesar das atuações serem boas, os personagens são tão rasos quanto o restante do roteiro. A habilidade de Øvredal com a câmera e outros aspectos técnicos da obra (como design de produção e maquiagem, por exemplo), compensam a falta de substância do texto. Esses elementos são essenciais para que haja um clima de tensão sincero e que faça com que o público (ou pelo menos boa parte dele) se sinta aflito do começo ao fim.
Drácula — A Última Viagem de Deméter está bem longe de entrar para o “hall da fama do horror”. No entanto, pode ser uma ótima pedida para os fãs do gênero que querem se divertir com um filme de monstro nojento, angustiante e que faça referência a grandes clássicos.
Nota: 7/10
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