Crítica | Gran Turismo – Passeio agradável que derrapa no motivacional

Há uma revolução sussurrando nas poltronas das salas de cinema, isso é evidente. Onde antes os super-heróis dominavam as bilheteiras, agora os jogadores de videogames apertam o acelerador, tentando ultrapassar cada expectativa. Em um cruzamento entre o pixel e a película, Gran Turismo: De Jogador a Corredor, da Sony Pictures, faz mais do que simplesmente seguir o roteiro; ele tenta reescrever o estilo do que significa adaptar um jogo para a tela grande. E o resultado? Um drama em alta velocidade que, enquanto ronca alto em suas emoções, às vezes derrapa bem feio na narrativa.

A trama e o elenco

No coração pulsante desta história baseada em fatos encontramos Jann Mardenborough (vivido pelo expressivo Archie Madekwe), um jovem que, entre os cliques de um joystick, sonha com o ronco dos motores. A transição de um jogador virtual para um piloto real é o suprassumo do sonho adolescente materializado, combinando a eletricidade dos games com a emoção profunda e tangível da família, do universo realista que tanto busca alcançar quando mistura uma história com elementos verídicos (e polêmicos!) com a fantasia típica dos games escapistas.

No entanto, o brilho desse relato às vezes é ofuscado por uma maré de publicidade incessante da PlayStation, ameaçando afogar sua narrativa sincera. Sob a lente criativa do visionário Neill Blomkamp (Distrito 9), a tela se transforma em uma pista, oferecendo vistas dinâmicas e imersivas das corridas, desde o rugir dos motores até os olhares tensos dos pilotos. A imersão na ambientação é divertida e sedutora, quando o filme não está gastando suas forças com discursos clichês e enfadonhos do típico cinema de esporte.

As interações no filme são tanto uma corrida como um jogo de xadrez, com movimentos e contra-movimentos. David Harbour (Stranger Things), no papel de um piloto veterano, traz uma profundidade essencial, oferecendo ao público um refúgio das estradas publicitárias frequentemente trilhadas. Enquanto o filme tem seus momentos de puro brilhantismo, especialmente nas sequências de ação, não se pode ignorar que por vezes parece mais uma vitrine de jogo do que uma experiência cinematográfica completa. O ritmo é apressado, as relações soam forçadas e falta carisma nos personagens, ou seja, o roteiro raso não decola.

Veredito

Em Gran Turismo: De Jogador a Corredor, encontramos uma síntese de sonhos e realidades, um choque de mundos tão distantes quanto são próximos. O filme é uma celebração de paixão e determinação, mas também serve como um lembrete da linha tênue entre arte e comercialização. Com performances divertidas e sequências de tirar o fôlego, é sem dúvida uma adaptação digna de seu legado de videogame.

Contudo, o peso de sua própria ambição às vezes o enfraquece, tornando-o menos um drama emocional convincente e mais uma maratona de marketing. No fim das contas, é um passeio agradável, mas que também serve como um espelho reflexivo da intersecção comercial do nosso tempo. Como um carro de corrida inovador na fórmula, é uma maravilha admirar, mas não está isento de suas falhas mecânicas.

NOTA: 6/10

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