Crítica | Homem-Aranha: Através do Aranhaverso consegue se superar em todos os sentidos

Homem-Aranha no Aranhaverso (2018) foi um marco na indústria. O filme chegou às telonas em um momento no qual as animações eram, em sua maioria, marcadas pelo 3D popularizado pela Disney e Pixar. No entanto, o longa do teioso produzido por Phil Lord e Chris Miller ganharia os corações dos fãs e dos profissionais da área por apresentar uma forma inovadora de fazer cinema. Com isso, grandes expectativas foram criadas quando a Sony Pictures anunciou que a animação teria uma sequência dividida em duas partes. O maior obstáculo de Homem-Aranha: Através do Aranhaverso, portanto, era elevar os padrões que seu próprio antecessor havia criado. Felizmente, essa missão foi atingida com êxito. 

A nova história de Miles Morales (que é a primeira parte de duas), traz de volta os personagens do primeiro longa e acrescenta muitos outros em uma aventura ainda mais épica. O surgimento de um novo vilão — o Mancha — coloca em risco toda a estabilidade do multiverso, e a união entre homens e mulheres-aranhas de infinitas dimensões é a única maneira de conter tal ameaça. 

Miles cresceu. Controlar os poderes aracnídeos já não é mais problema para o garoto (que agora é o Homem-Aranha oficial de seu mundo). No entanto, novos dilemas precisam ser enfrentados pelo personagem. Conciliar a vida de super-herói com os afazeres do dia a dia é um desafio muito maior do que combater bandidos.  

Outra velha conhecida que está passando por maus bocados é Gwen-Stacy. O novo filme se aprofunda na história da Mulher-Aranha, nos oferecendo um belo vislumbre da sua própria realidade. Dessa forma, a jovem ganha novas camadas de humanidade que são essenciais para que o espectador consiga entender suas escolhas ao longo da história. 

Aliás, a relação de Miles e Gwen é o motor central de toda a narrativa. A química entre os personagens funciona ainda melhor que no primeiro longa, mesmo quando sua amizade é colocada à prova. Há um excelente trabalho de texto que torna os arcos dos dois adolescentes complementares, mesmo que suas visões sejam opostas. 

Peter Parker, Miguel O’hara, Jessica Drew, Pavitr Prabhaka e Hobie Brown são alguns dos nomes que integram o time de coadjuvantes. Cada um dos Homens e Mulheres-Aranhas apresentados tem algo a oferecer. A experiência proporcionada pela animação é ainda mais completa a partir do momento em que o roteiro abre espaço para que as diferentes versões do teioso expressem suas personalidades individuais. 

No entanto, a maioria das variantes do herói presentes no filme não têm nem falas (afinal, são centenas!). Essa particularidade que cada um guarda dentro de si é transmitida, portanto, nos diversos estilos de animação que se sobrepõem ao longo do filme. Esta é, sem dúvida, a maior conquista do novo projeto da Sony. 

A técnica é aprimorada de forma que cruzar o Aranhaverso com Miles e Gwen se torna ainda mais imersivo e fantástico. São muitos estilos e traços que dialogam a todo momento. Isso faz com que a sequência pareça maior e mais rica que o primeiro filme. 

Infelizmente, essa incrível jornada é interrompida por uma tela preta que anuncia o final da primeira parte de uma trama que deixa muitas pontas soltas. Certamente, todas elas serão resolvidas no já anunciado Spider Man: Beyond Spider-Verse (com estreia prevista para 2024). No entanto, por hora, temos um filme que não é redondo e se torna totalmente refém de uma continuação.

Homem-Aranha: Através do Aranhaverso só não é a experiência máxima envolvendo o super-herói porque foi vitimada por um modelo comercial que insiste em repartir histórias. É louvável, porém, que a sequência tenha conseguido se superar em todos os outros sentidos. Personagens, conteúdo e forma evoluem proporcionalmente e o resultado é extremamente gratificante. 

Nota: 9/10

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