Crítica | Terrifier 2 – A nova sensação do cinema de terror

Vendido na mídia como o terror que faz passar mal nos cinemas, muito burburinho se criou em cima de Terrifier 2 e sua capacidade de amplificar a ânsia de vômito nas telas. A comoção foi tamanha que o filme ganhou estreia em outros países, incluindo o Brasil, pela Imagem Filmes. Mas será que o hype é pra tanto? Não! Nunca é. Acontece que a sequência direta de um filme minúsculo de 2016 consegue um feito ainda melhor: ser boa além de todas as expectativas.

O longa, dirigido por Damien Leone, além de ser mais longo e “cinematográfico”, é uma enorme melhoria em relação ao original, cujo maior feito na época foi mesmo introduzir a nova celebridade do horror às telas, o hilário Art the Clown (David Howard Thornton) mas totalmente sem substância ou alma. Um slasher vazio e sedento por violência gratuita que, felizmente, ganha alguns adicionais na continuação. Uma verdadeira sinfonia de sangue e matança feito com impressionantes sequências práticas, mas que possui um caminho, um roteiro dessa vez. Isso por si só já é uma evolução notória.

A trama e o elenco

Claro, ainda falta um pouco para a franquia chegar à um patamar de subversão ao gênero, afinal, o roteiro possui inúmeros problemas narrativos e está carregado de subtramas que não levam à lugar algum – muito por conta da sua duração exageradamente longa para uma trama tão banal. No entanto, porém, há o acréscimo de fórmulas tradicionais do terror que funcionam, como a presença de uma final girl de respeito e algumas explicações por trás da sede por sangue do assassino doentio, elementos estes que nunca foram apresentados antes. O filme começa sem tocar no ponto de que Art ressuscitou de um filme para outro e segue em frente com seu enredo.

O palhaço mímico está de volta para aterrorizar mais uma noite de Halloween de Miles Country, mas dessa vez terá que enfrentar os engenhosos irmãos Sienna (Lauren LaVera) e Jonathan (Elliott Fullam). E é apenas isso e nada mais. Com alguns elementos sobrenaturais forçados pelo diretor e sequências absurdas de matança desenfreada, a trama evolui muito pouco, mas sabe que quem pagou pelo ingresso quer ver rios de sangue falso. E então dá sangue ao público. Mesmo com a ausência de coesão entre os dois filmes e em algumas subtramas, Art retorna ainda mais polido e cômico, algo que cativa a nossa atenção entre uma cena de cabeça arrancada e outra de ossos se partindo.

Sienna é um boa protagonista – pelo menos se comparada a do filme original – e cria uma conexão com Art no melhor estilo Laurie Strode com Michael Myers. Aliás, muito do que esse slasher tenta ser é mesmo pedaços remendados de outros grandes filmes. Acontece que Terrifier 2 sai dos trilhos inúmeras vezes e pesa no tom (Art não se contenta apenas com uma facada), ainda que obviamente seja seu intuito, por vezes a violência gráfica passa dos limites e se torna apenas um prazer delirante e pervertido do diretor/roteirista, especialmente quando uma mulher cruza o caminho de Art. Aquela velha dose de misoginia que o gênero tanto luta atualmente para superar.

De qualquer forma, Art é a estrela e, mesmo mudo, sua personalidade doentia dobra de tamanho na sequência. David Howard Thornton tem mais oportunidades de se mostrar e faz um excelente trabalho de mímica com seu humor físico. Definitivamente este filme dá um passo largo no legado do personagem nas telas e deve pavimentar uma franquia de inúmeros filmes slasher, especialmente por conta de sua atmosfera deliciosa do horror dos anos 70 e 80 (incluindo os estereótipos cafonas). A contagem de corpos triplica, assim como o estilo gore de cada uma das cenas de morte, cuja vitima fica desfigurada, feito fantástico da equipe de efeitos especiais e maquiagem. É isso que torna Terrifier 2 tão difícil de se detestar.

Conclusão

Estranhamente sedutor e pavorosamente doentio, Terrifier 2 eleva o nível de sangue, tripas, morte e caos do original em uma sinfonia macabra de violência gratuita que deve agradar quem busca uma experiência desagradável nos cinemas. Um slasher extremista raro de se ver hoje em dia em escala comercial, mas que parece ter criado a mais nova sensação do cinema de terror.

Ainda que inchado por uma trama confusa, que não vai para lugar algum, o assassino Art – novo ícone do gênero – brilha e entrega humor e agonia na mesma medida. Um simples entretenimento irracional, que eleva tudo de melhor que o filme original apresentou e, da mesma forma, tudo de pior também. Uma coisa é certa: se você gosta de gore e torture porn, este será seu circo favorito.

NOTA: 7/10

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