Crítica | Gemini: O Planeta Sombrio – Um filme fajuto maquiado de Alien para te iludir

Pensa em um grupo de astronautas e cientistas preso em uma espaçonave perdida no espaço. Agora, acrescenta à equação uma criatura faminta por destruição circulando pelos cantos mais escuros do lugar em busca da aniquilação da raça humana. Você facilmente diria que se trata do enredo do clássico Alien, não é mesmo? Porém, como nada se cria e tudo se copia no cinema, Gemini: O Planeta Sombrio (Project Gemini), suga todas as boas ideias do gênero e entrega um filme tão absurdamente genérico, que mais parece uma afronta a inteligência do público.

O sci-fi russo chega ao Brasil em 2023 pela Paris Filmes e, apesar de fielmente acreditar estar dando um “próximo passo” ao estilo de horror, na realidade, parece uma obra realizada 30 anos no passado, muito por conta da sua falta de engenhosidade para fugir das armadilhas e clichês de uma trama que já foi amplamente explorada nas telonas. E sem novidades à acrescentar, o longa viaja pelas profundezas do mais do mesmo em busca de encontrar o tom para si que nunca alcança.

A trama e o elenco

Talvez seja ignorante da minha parte comparar um roteiro tão mal construído como este com a genialidade de Alien. Além da premissa básica ser extremamente semelhante, Gemini ainda consegue abraçar outras banalidades do gênero espacial, mas nunca alcança o nível de tensão e suspense dos ídolos que tanto venera. Desde os primeiros minutos o enredo auto-expositivo já deixa claro ao público que a Terra está prestes à ser aniquilada por conta da união do aquecimento global com uma doença, e que somente uma missão espacial poderia salvar a humanidade do armagedon. Com base em artefatos deixados aqui por civilizações alienígenas, um grupo insosso de astronautas decide entrar de cabeça nessa missão e viajar para os confins do espaço. Até serem abordados por uma criatura de aparência duvidosa.

Como uma boa e preguiçosa trama feijão com arroz básica de ficção científica, a história progride para que um a um seja morto enquanto explora esse tal Planeta Sombrio. E é isso. Nada mais acontece senão uma sucessão de tentativas falhas de sobrevivência em ambiente hostil, protagonizada por personagens sem carisma algum, cujas mortes pouco nos importamos. Além disso, grande parte do problema desse filme está na péssima condução da direção de Serik Beyseu – que parece mais preocupado em replicar ideias do que criar tensão com o pouco que possui em mãos – e na química nula do elenco que, diga-se de passagem, é terrivelmente ruim. Todos os atores são engessados, mas o protagonista Egor Koreshkov parece totalmente desconectado do papel. Não há expressão nenhuma.

E com elenco sem força, direção perdida em suas próprias pretensões e ausência de ação, resta apenas aproveitar os bons efeitos especiais da jornada que cansa depois de 30 minutos de projeção. Até há uma tentativa de se criar uma narrativa não-linear, que deixa a história mais complexa e confusa conforme se desenrola, porém, a falta de peso no elenco afeta nossa imersão nesse universo comum e seu desfecho cafona. A cenografia em si é boa, assim como a atmosfera sombria e misteriosa copiada dos clássicos já citados, mas o filme aproveita muito pouco de sua ambientação, assim como mostra menos ainda de seu monstro. Os diálogos (os atores russos falam em inglês), por sua vez, transparecem a má condução do diretor e o trabalho pavoroso do elenco, é vergonhoso de se assistir.

Conclusão

Com isso, apesar da premissa ambiciosa, Gemini: O Planeta Sombrio não acrescenta nada de novo ao gênero e apenas replica a fórmula de outros filmes de sucesso. Com diálogos sofridos e atuações vergonhosas de tão engessadas, este sci-fi russo é apenas um filme ruim fantasiado de Alien para enganar o público sedento por horror espacial.

Mesmo com o CGI decente e a atmosfera ameaçadora, grande parte de sua trama forçada se perde pela ausência de ritmo, imersão e falta de química entre os personagens. Não se deixe enganar, este filme já foi feito antes. Tudo é completamente cativante… nos primeiros 10 minutos. E depois sobra apenas a monotonia do espaço sideral.

NOTA: 2/10

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