Na Era do Ouro dos super-heróis no cinema, o ato de rir de si mesmo têm se tornado cada vez mais valioso. E necessário, uma vez que o gênero, estabelecido pela fórmula Marvel de humor, está a cada ano menos se levando a sério e muito de mudança se deve ao sucesso de The Boys. Essa busca pelo absurdo também atinge o francês Super Quem?, nova comédia de ação da Paris Filmes que soa perfeitamente com o um novo capítulo de algo como Todo Mundo em Pânico.
A trama e o elenco
Na trama da comédia – absolutamente histérica do começo ao fim – um ator só tem azar quando a questão é trabalho. E quando, por obra do destino, consegue o protagonismo em um filme de super-herói chamado BadMan, ele sofre um acidente e começa a viver como se fosse o personagem da história. Imerso em alucinações de sua nova vida, ele e seus amigos se veem no meio de uma grande confusão com bandidos reais e um caso para solucionar.
Se de início o roteiro parece tolo e clichê (e é de fato!), logo se prova uma diversão metalinguística bastante inteligente e que sabe perfeitamente onde deseja chegar, mesmo com seu orçamento baixo. Obviamente, trata-se de uma paródia que ridiculariza as cafonices de obras sérias como Batman e Vingadores, mas, ao mesmo tempo, também consegue entreter por meio de sua maneira corajosa de abordar tópicos que geralmente são desaprovados no cinema moderno. Assim como o citado Todo Mundo Em Pânico, há palavrões, conotações sexuais e drogas, elementos estes que jamais veríamos em obras da Marvel e, por conta disso, suas piadas fisgam tanto.
Apesar disso, há diversos problemas aparentes. O roteiro, perdido entre a paródia e a busca por criar uma narrativa convincente para o estúpido protagonista, por vezes se pega repetindo as mesmas piadas. Apesar de sua duração curta, o filme cansa na progressão e parece durar bem mais. No entanto, mantém seu humor sempre no topo com um turbilhão de referências, easter eggs e trocadilhos que fará qualquer fã de filmes de super-heróis dar risadas genuínas. Philippe Lacheau escreve, dirige e protagoniza o filme de tanto que acredita no projeto.
E outro problema está exatamente por conta deste acúmulo de funções. Ao dividir sua atenção em três segmentos, já podemos imaginar que algo sairia perdendo e, aqui, os três sofrem, mas é na atuação que tem a maior baixa, muito por conta dos personagens coadjuvantes serem igualmente cômicos, ainda que tenham pouquíssimo desenvolvimento. O humor, com sua pitadinha do senso ácido francês, também não é lá sofisticado (ainda que tenha consciência disso!). Nem toda a chacota provoca riso honesto e boa parte da trama, especialmente da metade para o final, parece muito mais vergonha alheia do que qualquer outra coisa.
Conclusão
Se sente falta da comédia histérica de Todo Mundo em Pânico, Super Quem? foi feito para você. Uma paródia de filmes de heróis com muito humor, reviravoltas inesperadas e, claro, a estupidez escapista que promete. O enredo é engraçado, fresco, embora exagerado ao quadrado. Obviamente, não espere por um filme que se leve a sério ou que tenha reivindicações artísticas ou profundas, aqui, a força está na chacota que faz e na trama absurda que proporciona. Em um ano que vai de Doutor Estranho a Adão Negro, talvez Super Quem? tenha percebido que é melhor rir de si mesmo do que surtar pela internet.
NOTA: 7/10
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