Crítica | Jurassic World: Domínio é uma boa conclusão para uma franquia antiga e respeitada

O primeiro Jurassic World chegou aos cinemas em 2015 em meio a uma leva de soft reboots – continuações que imitam o original, mas se disfarçam de sequências. Na época, a trilogia mais recente de Star Wars estava só começando e liderando essa onda de filmes. Do mesmo jeito que aconteceu com Star Wars, essa nova trilogia de Jurassic Park não conseguiu trazer a mesma magia dos originais. A sequência, Jurassic World: Reino Ameaçado, piorou ainda mais a situação. Era um filme bagunçado, com grandes problemas de roteiro e situações ridículas. Sumiu tão rápido quanto apareceu. E agora temos a finalização da saga com Jurassic World: Domínio, que, acredite se quiser… é super divertida!

O terceiro filme (ou sexto dentro da cronologia completa) acompanha o mundo tomado por dinossauros. Eles fazem parte da vida normal – alguns vivendo em certa harmonia e outros causando alguns desastres e grandes desequilíbrios na fauna. A cena de abertura do filme serve como um resumo bastante eficiente do que aconteceu até então, facilitando inclusive a introdução de novas pessoas à franquia. A partir deste contexto de luta por domínio (humanos x dinossauros), acompanhamos o mesmo de sempre: uma empresa maléfica que quer usar essas criaturas para o mal, o personagem de Chris Pratt que é amigo dos dinossauros, e um desenvolvimento de um drama pessoal de Maisie Lockwood, personagem que foi apresentada no segundo filme. Isso tudo ao mesmo tempo em que Jurassic World também se propõe a colocar os protagonistas em novas situações de risco e reintroduzir personagens clássicos – e faz tudo isso muito bem.

A direção de Colin Trevorrow é muito precisa nesta conclusão da história. Este é de longe o filme da trilogia que mais honra a essência do primeiro Jurassic Park e é incrível ver isso na telona. Seja na forma como cada cena serve para mostrar que as criaturas soltas pelo mundo são extremamente perigosas, ou na sensação de verdadeiro risco quando você vê um personagem perto de um dinossauro gigantesco. Para melhorar ainda mais essa fórmula, o diretor sabe criar tensão das mais variadas formas: com uma cena de perseguição de moto à lá James Bond ou com um giganotossauro rondando os protagonistas.

As influências visuais do diretor contribuem muito para essa atmosfera de suspense e perigo real. Ele não só se baseia no filme original da franquia, mas se vê muito de Tubarão em tela, especialmente perto do final, em uma luta entre humanos e um dos principais dinossauros. O mais legal é a sensação de que tudo parece extremamente verdadeiro – e isso já é um elogio bem grande para um filme que protagoniza dinossauros gigantes.

Remetendo diretamente às origens dessa saga, Colin Trevorrow opta por utilizar efeitos práticos em vários momentos, o que faz tudo parecer mais divertido e pé no chão. Em vez de cenas grandiosas desnecessárias, ele segue os passos de Steven Spielberg e joga simples, sendo este seu maior trunfo nessa contação de história. Por mais que o roteiro não contribua sempre – é difícil trazer novas ideias e novos perigos depois de 5 filmes com os mesmos vilões –, Trevorrow propõe uma reimaginação do melhor que já existe dentro da franquia e faz isso com primazia, tirando inspirações de grandes clássicos do terror, e até mesmo conseguindo contar sua própria história.

Essa reinvenção também se aplica aos personagens clássicos que estão de volta. Os protagonistas do primeiro filme voltam e complementam a história de um jeito bem divertido e interessante. De novo, vale mencionar essa tendência de sequências que trazem antigos personagens: a maioria delas não sabe o que fazer com eles, além de colocá-los na tela, tirar um suspiro de surpresa e satisfação do público, e não levá-los a lugar algum. Felizmente, não é nem de longe o caso aqui. O retorno do Dr. Grant, Dra. Sattler e Dr. Malcolm é tão bem feito que parece apenas mais um elemento inteligente do roteiro em vez de aparições gratuitas e estupendas que levam o público ao delírio.

Entretanto, os problemas de Jurassic World: Domínio estão presentes e são basicamente os mesmos que já vimos nos outros dois filmes desta trilogia. Eles moram na tentativa da produção de tentar criar dramas pessoais que sejam interessantes o suficiente para sustentar uma narrativa que depende, na verdade, de fatores externos a isso – até porque, sejamos sinceros, quem quer dramas teen no meio de um filme com um T-Rex? O foco na jornada de autodescobrimento de Maisie Lockwood é apenas um recurso do roteiro para que alguns personagens saiam do ponto A para o ponto B. É o pior tipo de história paralela possível e um que desencadeia diretamente outro problema do filme: ele é bastante longo e sem razão para isso.

Mas nem mesmo esses problemas periféricos estragam a jornada divertida e surpreendentemente boa que é Jurassic World: Domínio. Trata-se de uma boa conclusão para uma franquia antiga e respeitada, e um acerto de contas merecido para uma trilogia que não sabia para onde ia além de copiar, colar e aumentar o que já tinha sido feito. A cereja do bolo mora no discurso por trás de todo o filme, que aborda (ainda que muito sutilmente) ecologia e cuidado com o planeta. É, sim, uma história sobre dinossauros gigantes. Mas também é uma história sobre como a natureza costuma revidar quando não a tratamos da forma correta – ou quando fazemos experimentos que estão além do nosso controle. Em meio a tantos blockbusters vazios, pelo menos este aqui tem algo a dizer. E é muito mais legal aprender sobre a importância de cuidar do meio ambiente quando você insere um T-Rex na tela (especialmente um de efeitos práticos). 

Nota: 8/10

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