Crítica | A Batalha Esquecida – Horrores da guerra em majestoso drama holandês

Não é atoa que A Batalha Esquecida (De Slag om de Schelde) – que chega ao Brasil como Original Netflix – é um dos filmes mais caros já realizados na Holanda. O drama, que se passa na Segunda Guerra Mundial, olha para a Batalha do Rio Escalda de 1944 por três perspectivas diferentes: A ocupação alemã, a resistência holandesa e os soldados aliados e, dentro disso, proporciona uma jornada realmente grandiosa e bem estruturada para um filme fora do eixo norte-americano.

A trama e o elenco

Ao remontar a batalha, que foi ofuscada após a Normandia abrir rotas de navegação para que as forças aliadas pudessem reabastecer suas tropas, a trama se sustenta por personagens pilares: os pilotos aliados britânicos (vividos por Tom Felton – o Draco Malfoy de Harry Potter – e Jamie Flatters), um soldado holandês forçado a lutar pelos nazistas (Gijs Blom) e irmãos holandeses (Ronald Kalter e Susan Radder) que trabalham para a resistência alemã.

Felizmente, apesar de muitas subtramas sendo desenvolvidas simultaneamente, o roteiro dinâmico da indicada ao Oscar Paula van der Oest (A Acusada) reorganiza os conflitos e mostra como esses personagens tão pequenos (perante à uma guerra, claro) convergem e mudam o rumo da história.

Apesar de Felton ser a maior estrela do longa – o astro está ótimo e sombrio, por sinal -, a trama centraliza bem mais os atores menores e subverte expectativas por dar espaço aos personagens que facilmente seriam ofuscados em algum filme de guerra hollywoodiano.

Jamie Flatters (que poderemos ver futuramente em Avatar 2), por exemplo, rouba a cena. Não são apenas as batalhas intensas nas trincheiras ou mesmo as sequências aéreas visualmente impressionantes (embora não tenha certeza de como elas podem se comportar em uma tela maior que a da TV), a força do enredo está mesmo é na construção e no desenvolvimento crescente de personagens que passamos a nos importar. Além disso, a direção cria uma ótima tensão que envolve e mantém nossa atenção do começo ao fim.

A direção

E por falar na condução de Matthijs van Heijningen Jr. (do remake de O Enigma de Outro Mundo), o diretor prova que sabe sustentar bons diálogos e dar ritmo à um drama de guerra que, ainda que lento, nunca perde sua relevância. As cenas de ação são surpreendentes – ainda que espaçadas – e por vezes vemos o ponto de vista dos soldados em planos alucinantes e divertidos no melhor estilo videogame.

Seu trabalho é sensorial e funciona, porém, a duração de A Batalha Esquecida é a pedra no caminho. São mais de 2 longas horas e, em diversos momentos, o drama pessoal acaba por ocupar um espaço maior, algo que deve afastar espectadores mais interessados na ação explosiva e sangrenta. Por sua vez, outra qualidade está na deslumbrante direção de fotografia, que recria a atmosfera cinza, fria e sombria da época com perfeição.

Conclusão

Dessa forma, com atuações requintadas e um visual surpreendentemente caprichado, A Batalha Esquecida nos presenteia com a vital visão dos eventos da Segunda Guerra Mundial além da perspectiva de Hollywood e acerta em combinar grandiosidade cinematográfica com drama humano que conquista. Seus dilemas são brutais e reais, mas feitos por um olhar sensível da direção sobre uma guerra em que ninguém sai vencedor – além de nós, espectadores, que finalmente recebemos um filme da Netflix que, apesar do título, fica com a gente por algum tempo.

Nota: 8/10


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