Crítica | ‘Missão Pijamas’ funciona para entreter, mas é mais do mesmo

Com pura distração e entretenimento, sem pretensão alguma de ser qualquer coisa além de uma comédia infantil, ‘Missão Pijamas’ (The Sleepover) tem feito sucesso na Netflix exatamente por ser mais um exemplo de filme leve no catálogo, que funciona dentro de sua proposta e diverte quem busca uma aventura simples, no melhor estilo ‘Pequenos Espiões’. Porém, não há nenhuma sofisticação narrativa ou mesmo algo que a produção possa agregar ao gênero, muito pelo contrário, navega com vigor em todos os clichês e conveniências que tornam a história ordinária e sem nenhuma novidade. O roteiro parece ter sido escrito por uma criança de 10 anos e a direção parece ser feita por alguém que tenta replicar filmes de ação de espionagem. Fora isso, o humor tosco e sem inteligência entrega piadas infantilizadas, que podem até divertir, mas que não vão muito além de uma risada constrangida.

A trama e o elenco

A trama gira em torno de um grupo de crianças que descobrem que sua mãe é uma agente secreta e, com isso, precisam desvendar mistérios para achar o paradeiro dela antes que algo terrível aconteça. Essa vertente americana de misturar história de espionagem com comédias infantis rende pérolas inesquecíveis, que já nascem com a classificação ‘Sessão da Tarde’, mas poucas conseguem trazer alguma novidade ou um divertimento realmente genuíno. Talvez essa falta de pretensão seja também sua maior derrota, já que a trama é similar à tantas outras, que o filme parece um enorme plágio.

Sem inspiração de, pelo menos, fazer boas sequências de ação, a produção escala Malin Åkerman (Watchmen – O Filme) para ser a mãe badass, mas a atriz não parece estar dentro do papel e entrega uma atuação desanimada e com zero química com seu marido (vivido irritantemente pelo ator Ken Marino), que só não é pior do que a presença de nomes como Joe Manganiello (Rampage) e Karla Souza (How to Get Away with Murder). A dupla não faz absolutamente nada demais, mas agrega valor ao elenco adulto. Já na parte mirim, onde o filme consegue ser realmente mais interessante e divertido, destaque para o jovem Maxwell Simkins, uma criança promissora e que tem um timing cômico muito bom.

Roteiro problemático

A sopa de “deus ex machina” é temperada com situações mirabolantes que só ajudam a presepada a caminhar pra frente. Ainda que o ritmo seja bom e a história avance sem muita enrolação, todos os problemas são solucionados com enorme facilidade e sem a necessidade de algo mais elaborado ou criativo. Aliás, a criatividade passa longe dessa história. Talvez ela nem mesmo tenha sido convidada para o jantar. O roteiro, reaquecido de outras obras que deram certo, segue à risca todos os pré-requisitos básicos para desenvolver uma trama boba, sem nuances e que seja direta. Mesmo que seu humor fracasse em 90% das piadas, o que funcionar já é lucro.

A direção de Trish Sie (A Escolha Perfeita 3) compra a proposta e mergulha de cabeça, sem colete salva-vidas, no oceano de clichês desse tipo de obra. Sua condução é enérgica e dá espaço para as crianças brilharem, já que são a parte de maior carisma, porém, é tão genérica, que desanima rapidamente. O desfecho, como era de se esperar, alinha todos os elementos convencionais, como a menina que finalmente consegue falar com seu crush, os irmãos que fazem as pazes e os pais que passam a aceitar as escolhas de seus filhos, para encerrar com o enjoativo ar de “felizes para sempre”.

Conclusão

Com uma trama requentada e despretensiosa, uma direção genérica e o humor infantil e bobinho, ‘Missão Pijamas’ é o perfeito exemplo de “fast food” de cinema que têm dado certo na Netflix. Você assiste, ri do que funcionar e esquece na mesma proporção. Ainda assim, o elenco infantil dá para o gasto e a historinha, na vibe de ‘Pequenos Espiões’, deve  agradar o público infantil que está com tédio nessa quarentena. Ainda que tenha um bom resultado dentro do que se propõe, é mais do mesmo.

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