Temas. Os pilares de qualquer produção cinematográfica. As almas dos roteiros de sucesso. Qual seria a maior validação de um filme, se não a complexidade de seus temas? Ou melhor, qual seria o resultado de uma obra que não se importa em fazer seu público parar para refletir, mas sim em abraçar o caos desenfreado?
Bem, a resposta está no remake de Anaconda, de Tom Gormican, que traz uma abordagem completamente diferente dos primeiros filmes da franquia iniciada em 1997: sai o terror trash, entra uma comédia satírica repleta de metalinguagem.
Índice
Os acertos e erros de Anaconda

O remake apresenta dois amigos de infância, Doug e Griff, interpretados por Jack Black e Paul Rudd, respectivamente. Doug é um diretor e roteirista que desperdiça toda sua criatividade em uma agência que produz vídeos para casamentos extremamente bregas. Já Griff é um ator falido que luta por papéis pequenos em produções questionáveis.
A grande questão é que os dois são apaixonados por obras do terror cult e tudo muda quando eles conseguem os direitos para fazer um remake de Anaconda (lembra da metalinguagem mencionada anteriormente?). Assim, eles se juntam a outros amigos das antigas e viajam até o Brasil para realizar o sonho de gravar um filme de baixo orçamento com a intenção de chamar atenção do mercado.
Obviamente, tudo vai por água abaixo quando eles chegam na Amazônia e se deparam com uma cobra assassina exageradamente gigantesca. Essa virada, no entanto, é feita de forma tão brusca e tosca que fica fácil entender, desde o começo, que a trama e os personagens pouco importam: a essência do filme está no caos e na ridicularização de obras “idiotas” que tentam ser inteligentes demais e acabam se perdendo na busca incessante por temas vazios e batidos.
O absurdo em Anaconda funciona e dá personalidade a um roteiro autoconsciente que satiriza a busca por essência, fazendo seus próprios personagens — assim como seus sonhos e dilemas — de reféns. Afinal, a dupla de protagonistas está sempre falando dos tais “temas” que farão seu filme ser um grande sucesso. No entanto, todo e qualquer sinal de desenvolvimento é interrompido por uma piada absurda — normalmente envolvendo a cobra gigante, que não se faz explicar em nenhum momento do longa e simplesmente existe.

O timing cômico de Jack Black e Paul Rudd é ótimo, o que faz parecer que são a dupla perfeita para qualquer obra nonsense. Selton Mello é o Brasil no filme, interpretando um personagem extremamente peculiar que combina perfeitamente com a energia insana do longa. Ouvir nativos falando português o tempo todo traz um sabor especial para a experiência que é ver Anaconda.
Veredito
Poderia finalizar dizendo que “o principal tema do filme é não ter temas”. Ou ainda que “nem sempre as histórias no cinema precisam ser complexas e fazer o espectador refletir, às vezes as obras só existem para divertir”. No entanto, nada disso realmente importa. Se Anaconda tem algum tipo de essência, ela está em nós lembrar que cobras gigantes e monstruosas podem ser realmente perigosas, e como é curioso o fato de não pensarmos nisso com mais frequência.
Nota: 7/10
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