O Festival do Rio encerrou neste domingo (12) a sua 27ª edição com uma emocionante cerimônia de premiação no Cine Odeon – Centro Cultural Luiz Severiano Ribeiro. Foram revelados os vencedores dos Troféus Redentor, da Première Brasil, e do Prêmio Felix, que juntos celebram o que há de mais potente e inovador no cinema nacional contemporâneo.
Nesta edição, 48 filmes — entre longas e curtas-metragens — competiram nas mostras oficiais. O festival apresentou novidades importantes: a inclusão da categoria Melhor Figurino na competição principal e o retorno do Prêmio do Público, que elegeu os favoritos em Melhor Filme e Melhor Documentário da Première Brasil, além de Melhor Filme da mostra Novos Rumos. A cerimônia foi apresentada pelos atores Cleyton Nascimento e Luisa Arraes.
“Foi um ano muito especial, com salas cheias, encontros importantes de mercado, encontros amorosos de novos projetos”, afirmou Ilda Santiago, diretora do Festival, em discurso no palco. “Quero agradecer aos júris, a todos os parceiros e, especialmente, ao público que lotou as salas nesses onze dias. É uma rede de paixão pelo cinema.”
A diretora Walkiria Barbosa destacou a relevância histórica do RioMarket 2025: “Este foi um ano histórico. Pela primeira vez, nosso setor está incluído no Ministério do Comércio, com o programa da Nova Indústria do Brasil, e isso culminou com a presença do Ministério no RioMarket.”
Ao longo de onze dias, o Festival do Rio recebeu mais de 140 mil pessoas. O evento é apresentado pelo Ministério da Cultura, Shell e Prefeitura do Rio, com patrocínio master da Shell por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e apoio especial da Prefeitura do Rio, via RioFilme. Realização: Cinema do Rio e Ministério da Cultura / Governo Federal.
Novas competições internacionais com voto popular
Pela primeira vez, as mostras internacionais Expectativas e Première Latina contaram com votação popular. Na mostra Expectativas, o público elegeu os filmes favoritos entre obras de diretores emergentes. A TV Globo selecionará um dos três títulos mais votados para aquisição dos direitos de exibição na televisão aberta — uma parceria inédita que reforça o compromisso do Festival com a circulação do cinema independente internacional.
Já o vencedor da mostra Première Latina receberá automaticamente um acordo de aquisição de direitos para TV Paga e VOD oferecido pelo Telecine. Os ganhadores dessas categorias internacionais serão divulgados no encerramento do “Chorinho”, na quarta-feira (15).
Momentos marcantes no palco
A noite foi marcada por discursos emocionados. Leandra Leal dedicou o prêmio especial do júri — ao lado de Ângela Leal — à fé na arte como transformação. Diva Menner, Melhor Atriz Coadjuvante por Ruas da Glória, lembrou das travestis que vieram antes dela: “Que a minha voz e a minha arte me façam percorrer a distância entre o dedo e a ferida. A arte me salvou!”.
Klara Castanho, Melhor Atriz da Première Brasil por #SalveRosa, arrancou aplausos ao citar Fernanda Torres: “Já que foi citada aqui, quero dizer: ‘A vida presta’.”
Muitos vencedores exaltaram também o caráter coletivo das produções e a importância da representatividade, diversidade e resistência política presente nas narrativas premiadas.
VENCEDORES FESTIVAL DO RIO 2025
Première Brasil
- Melhor Longa-Metragem de Ficção: Pequenas Criaturas, de Anne Pinheiro Guimarães (Bananeira Filmes)
- Melhor Longa-Metragem Documentário: Apolo, de Tainá Müller e Ísis Broken (Capuri)
- Melhor Curta-Metragem: Sebastiana, de Pedro de Alencar (Terra Bruta / Céu e Sangue Filmes) e O Faz-Tudo, de Fábio Leal (Casa Líquida)
- Melhor Direção de Ficção: Rogério Nunes, por Coração das Trevas
- Melhor Direção de Documentário: Mini Kerti, por Dona Onete – Meu Coração Neste Pedacinho Aqui
- Melhor Ator: Gabriel Faryas, por Ato Noturno
- Melhor Atriz: Klara Castanho, por #SalveRosa
- Melhor Ator Coadjuvante: Alejandro Claveaux, por Ruas da Glória
- Melhor Atriz Coadjuvante: Diva Menner, por Ruas da Glória
- Melhor Roteiro: Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, por Ato Noturno
- Melhor Montagem: André Finotti, por Honestino
- Melhor Fotografia: Luciana Baseggio, por Ato Noturno
- Melhor Direção de Arte: Claudia Andrade, por Pequenas Criaturas
- Melhor Figurino: Renata Russo, por #SalveRosa
- Melhor Som: Ariel Henrique e Tales Manfrinato, por Love Kills
- Melhor Trilha Sonora Original: Plínio Profeta, por Apolo
- Prêmio Especial do Júri: Cheiro de Diesel, de Natasha Neri e Gizele Martins (Amana Cine / Baracoa Filmes)
Première Brasil – Novos Rumos
- Melhor Curta-Metragem: Ponto Cego, de Luciana Vieira e Marcel Beltrán (Cinema Inflamável)
- Menção Honrosa: Os Arcos Dourados de Olinda, de Douglas Henrique
- Melhor Longa-Metragem: Uma em Mil, de Jonatas Rubert e Tiago Rubert (Atala)
- Melhor Direção: João Borges, por Espelho Cigano
- Melhor Ator: Márcio Vito, por Eu Não Te Ouço
- Melhor Atriz: Ana Flávia Cavalcanti e Mawusi Tulani, por Criadas
- Menção Honrosa: Docy Moreira, por Espelho Cigano
- Prêmio Especial do Júri: Ângela Leal e Leandra Leal, por Nada a Fazer
Prêmio Felix
- Melhor Filme Brasileiro: Ato Noturno, de Marcio Reolon e Filipe Matzembacher (Avante Filmes)
- Melhor Filme Internacional: A Sapatona Galáctica (Lesbian Space Princess), de Leela Varghese e Emma Hough (We Made a Thing / distribuição Synapse)
- Melhor Documentário: Copacabana, 4 de Maio, de Allan Ribeiro (Acalante Filmes)
- Prêmio Especial do Júri: Me Ame com Ternura (Love Me Tender), de Anna Cazenave Cambet (Novoprod Cinéma / distribuição Imovision)
Voto Popular
- Melhor Longa de Ficção: #SalveRosa, de Suzanna Lira
- Melhor Longa Documentário: Cheiro de Diesel, de Natasha Neri e Gizele Martins
- Melhor Longa da Mostra Novos Rumos: Herança de Narcisa, de Clarissa Appelt e Daniel Dias
O Festival do Rio 2025 reforça seu papel como um dos principais eventos cinematográficos da América Latina, abrindo espaço para produções diversas e plurais, premiando talentos consagrados e revelando novas vozes do audiovisual brasileiro e internacional.
“O Festival é um espaço de encontro e resistência. Enquanto houver histórias para contar, estaremos aqui para celebrá-las”, concluiu Ilda Santiago.