O novo documentário de Aurélio Michiles, HONESTINO, sobre o líder estudantil desaparecido durante a ditadura militar, Honestino Guimarães, foi selecionado para a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. O filme acaba de ganhar trailer e cartaz, que podem ser conferidos abaixo.
Honestino foi presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) e um dos maiores símbolos da resistência contra o regime militar, preso e desaparecido em 1973, aos 26 anos. A trajetória do jovem líder é reconstituída no documentário por meio de depoimentos de familiares, amigos, políticos e militantes, incluindo Almino Afonso, Jorge Bodanzky, Franklin Martins e Betty Almeida, biógrafa de Honestino. A diversidade de vozes revela tanto sua dimensão humana quanto política, mostrando como sua história continua a inspirar novas gerações.
Aurélio Michiles celebra a estreia do filme em dois grandes festivais nacionais:
“Festivais e mostras de cinema são espaços privilegiados para dar visibilidade à produção audiovisual, especialmente os documentários. Estrear HONESTINO no Festival do Rio e na Mostra de SP é motivo de profunda alegria e de responsabilidade histórica, principalmente porque no dia 10 de outubro completam-se 52 anos do sequestro de Honestino Guimarães, jovem líder estudantil vítima da repressão da ditadura, cujo desaparecimento permanece uma ferida aberta em nossa democracia.”
A filha de Honestino, Juliana Guimarães, também participa do documentário e compartilha sua emoção:
“Além da importância dessa história ser conhecida por todos, esse filme é um verdadeiro presente para mim, porque me ajuda a recompor quem eu sou. Essa história me atravessa a vida.”
Produzido por Nilson Rodrigues, o documentário adota uma linguagem híbrida, combinando entrevistas e imagens de arquivo com cenas ficcionais interpretadas por Bruno Gagliasso. Essa abordagem aproxima o personagem do presente e dá fluidez ao relato, lembrando que a história de Honestino ainda não está encerrada. Segundo Rodrigues:
“O cinema é um espaço privilegiado para refletir sobre a memória do país. Nosso objetivo é não deixar cair no esquecimento a tragédia da ditadura militar e homenagear aqueles que lutaram contra a barbárie.”
O envolvimento pessoal do diretor também marca a obra. Amigo de Honestino na juventude, Michiles acompanha desde 1968 a memória do líder estudantil. Décadas depois, um vídeo do neto de Honestino, Lucas, durante a reinauguração da ponte que leva o nome do avô, foi o impulso final para concretizar o projeto:
“Queremos que o personagem não fique congelado numa fotografia antiga, mas que seja tangível, vivo. O ontem é hoje, e o hoje pode ser o futuro.”
A estreia de HONESTINO acontece em um momento em que o cinema brasileiro volta a revisitar a ditadura, como em AINDA ESTOU AQUI, de Walter Salles. Para Michiles, essas obras têm um papel essencial:
“Tomara que a história de Honestino provoque emoção, renove a autoestima, e reacenda a esperança de que ainda existe um Brasil possível.”