Bruxas de Salem: Conheça a verdadeira história e sua ligação com Agatha Desde Sempre

Agatha Desde Sempre, nova produção da Marvel Studios, estreou em 18 de setembro no Disney+. O spin-off de WandaVision acompanhará a bruxa poderosa Agatha Harkness (Kathryn Hahn), e bruxaria tem tudo a ver com Salem. Apesar da personagem e da história da série ser fictícia, as inspirações vieram de um caso real conhecido como as Bruxas de Salem.

As Bruxas de Salem são um dos episódios mais sombrios e intrigantes da história dos Estados Unidos, envolvendo acusações de bruxaria, julgamentos injustos e execuções. A cidade de Salem, em Massachusetts, se tornou palco de um dos piores casos contra mulheres e crianças em 1692./

Saiba o que realmente aconteceu em Salem em 1692

Tudo começou em janeiro de 1692, quando duas meninas, Betty Parris, de 9 anos, e Abigail Williams, de 11, começaram a ter convulsões e comportamentos estranhos, incluindo gritos, contorções e murmúrios incompreensíveis. Em seguida, outra criança, Ann Putnam, também começou a apresentar os mesmos comportamentos. Na época, depois de passarem com um médico da cidade, concluiu-se que os comportamentos eram sobrenaturais, já que não haviam explicações plausíveis para isso. Vale destacar que a influência religiosa nessa época era altíssima, e em Salem não seria diferente. A comunidade bastante religiosa aceitou as conclusões dos médicos e logo em seguida começou o famoso: Caça às Bruxas.

Bruxas de Salem: A figura central desta ilustração da sala de audiências de 1876 é geralmente identificada como Mary Walcott.
Bruxas de Salem: A figura central desta ilustração da sala de audiências de 1876 é geralmente identificada como Mary Walcott. Wikipedia.

Pressionadas pelos líderes religiosos da pequena cidade de Massachussets, as garotas acusaram três mulheres de bruxaria. Tituba, uma escrava caribenha; Sarah Good, uma mulher pobre; e Sarah Osborne, uma senhora idosa que raramente frequentava a igreja.

Depois de serem interrogadas por vários dias e presas, Tibuta foi a única a dizer que existiam outras bruxas espalhadas por Salem, assim como ela mesma, e que teria feito um pacto com o demônio. A partir dessa confissão, além da paranoia que se estabeleceu na cidade em torno de possíveis bruxarias, o governador da época, William Phipps, criou um tribunal especial para julgar casos similares.

O medo da bruxaria se espalhou como fogo na palha. Em poucos meses, mais de 200 pessoas foram acusadas de praticar bruxaria. A maioria dos acusados eram mulheres de meia-idade. Até uma menina de apenas quatro anos, Dorcas Good, filha de Sarah Good, foi presa e passou meses na cadeia. Além disso, George Burroughs, um respeitado ministro da igreja, foi acusado de liderar um coven de bruxas e acabou sendo enforcado após um julgamento. O pânico era alimentado por disputas locais, tensões sociais e o fervor religioso, resultando em delações falsas e confissões obtidas sob coação.

O Julgamento e as Execuções

No dia 10 de junho de 1692 Bridget Bishop foi enforcada acusada de bruxaria no primeiro julgamento desse caso. Os julgamentos das Bruxas de Salem foram um verdadeiro espetáculo de injustiça. Testemunhas oculares e confissões forçadas eram usadas como provas, junto com algo chamado “prova espectral”, que consistia em relatos de visões e sonhos das vítimas que afirmavam ter visto os espíritos das bruxas atacando-as. Os acusados tinham poucas chances de se defender adequadamente.

Representação fantasiosa dos julgamentos das bruxas de Salém, litografia de 1892. Wikipedia

Entre o final de junho e o início de julho de 1692, os grandes júris aprovaram as acusações contra Sarah Good, Elizabeth Howe, Susannah Martin, Elizabeth Proctor, John Proctor, Martha Carrier, Sarah Wildes e Dorcas Hoar. Nesse período, Sarah Good, Elizabeth Howe, Susannah Martin, Sarah Wildes e Rebecca Nurse foram levadas a julgamento, onde todas foram consideradas culpadas. No dia 19 de julho de 1692, essas cinco mulheres foram enforcadas.

Algumas condenadas, como Elizabeth Proctor e Abigail Faulkner, receberam suspensões temporárias de suas execuções porque estavam grávidas. Além disso, cinco outras mulheres também foram condenadas à morte em 1692, mas a sentença nunca foi executada. Entre elas estavam Mary Bradbury (julgada à revelia), Ann Foster (que morreu na prisão), sua filha Mary Lacey Sr., Dorcas Hoar e Abigail Hobbs.

Embora Tituba, Sarah Good e Sarah Osborne tenham sido as primeiras mulheres acusadas de bruxaria nos julgamentos de Salem, seus destinos seguiram caminhos diferentes. A escrava caribenha, Tibuta, apesar de ter sido presa, conseguiu escapar da execução, sendo eventualmente libertada, mas seu destino final permanece desconhecido. Sarah Good, como citado acima, foi considerada culpada e enforcada em 19 de julho de 1692, mantendo sua inocência até o fim e desafiando o clérigo que a pressionava a confessar. Já Sarah Osborne morreu na prisão em maio de 1692, antes de ser julgada.

Os julgamentos de Salem se estenderam até 1693. Foi apenas após a intervenção de Increase Mather, presidente da Universidade de Harvard, que as pessoas começaram a ser consideradas inocentes ou liberadas. O último julgamento ocorreu em maio de 1693, mas o impacto dos eventos continuou por muitos anos. Nas décadas seguintes, sobreviventes, familiares e seus apoiadores trabalharam para limpar os nomes dos condenados e buscar compensações pelas injustiças cometidas.

O Fim da Caça às Bruxas

Entre 1700 e 1703, várias petições foram apresentadas ao governo de Massachusetts, pedindo a reversão formal das condenações. Em 1711, as famílias das vítimas receberam 600 libras como compensação. No entanto, foi apenas em 1957, 250 anos depois, que o Estado de Massachusetts emitiu um pedido oficial de desculpas pelas condenações injustas.

Embora o caso de Salem não tenha sido o único episódio de caça às bruxas no mundo, ele se tornou um dos mais notórios, sendo amplamente lembrado como um exemplo de histeria coletiva. Até hoje, o episódio inspira artistas, estudiosos e cineastas, permanecendo um marco na história da injustiça e do medo.

A cidade de Salem se transformou em um símbolo de como o medo e a superstição podem levar a atos extremos de injustiça. Filmes, livros e séries continuam a revisitar esse episódio trágico, dando-lhe novas camadas de interpretação, desde o misticismo até críticas à intolerância e histeria. Se você visitar Salem hoje, vai encontrar museus dedicados a contar essa história macabra e relembrar as vidas inocentes perdidas. As lições dessa história são um lembrete de que, muitas vezes, o verdadeiro “mal” não é a magia, mas o medo e a ignorância que levam à perseguição.

Witch House

Witch House (Casa das Bruxas) é um dos marcos históricos mais icônicos de Salem, e é a única estrutura remanescente diretamente relacionada aos julgamentos das Bruxas de Salem de 1692. Construída por volta de 1642, essa casa era a residência do juiz Jonathan Corwin, que desempenhou um papel fundamental nos julgamentos. Embora a Witch Housenão tenha sido o local onde os julgamentos ocorreram, sua conexão com Corwin e com os eventos daquele período a tornaram uma importante peça da história da cidade.

Após a morte de Jonathan Corwin, a casa foi preservada e, mais tarde, transformada em um museu, recebendo o nome de Witch House em referência à sua ligação com os julgamentos de bruxas. Hoje, ela é uma das principais atrações turísticas da cidade, oferecendo aos visitantes uma visão sobre a vida no século XVII e o contexto dos julgamentos de bruxaria que marcaram a história dos Estados Unidos.

Agatha Desde Sempre e sua relação com Salem

Nos quadrinhos, Agatha Harkness é apresentada como uma bruxa poderosa e antiga, que teria sobrevivido à perseguição em Salem. Ela é retratada como uma das poucas bruxas verdadeiras durante os julgamentos e, embora estivesse presente durante os eventos, ela consegue escapar da execução, continuando a praticar suas artes mágicas por séculos. Agatha foi uma das líderes do Coven de Salem, um grupo de bruxas que buscava sobreviver em meio à perseguição. A Marvel usa o pano de fundo histórico de Salem para dar contexto à sua origem, conectando a personagem a um evento de grande carga mística e histórica.

Na série WandaVision, da Marvel Studios, Agatha faz menção a sua participação nesses eventos, em um flashback que mostra como ela foi julgada e quase executada por um grupo de bruxas, incluindo sua própria mãe. Esse julgamento reflete as referências históricas dos julgamentos de Salem, mas, no caso de Agatha, a cena mostra que ela foi julgada por suas companheiras bruxas, e não por puritanos ou autoridades religiosas, como aconteceu em Salem

A nova série da Marvel, Agatha Desde Sempre, irá explorar ainda mais a conexão da personagem com o passado das bruxas. A série promete expandir essa história, abordando o lado místico de Agatha, suas motivações para lidar com o Darkhold (um livro de magia das trevas) e seu envolvimento com o mundo das bruxas no Universo Cinematográfico Marvel (MCU).

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