Com Ripley da Netflix fazendo jus ao seu título de todas as maneiras concebíveis, temos um thriller psicológico que só pode ser descrito como em partes iguais desconcertante, intrigante, assustador e emocionante.
Isso porque gira em torno do criminoso e vigarista Tom Ripley, quando ele é contratado por um rico empresário para trazer seu filho vagabundo para casa, apenas para que as coisas tomem um rumo drástico.
Na verdade, ele fica obcecado por seu alvo, Dickie Greenleaf, e depois tira sua vida para assumir sua identidade antes de chegar ao ponto de arruinar seus relacionamentos e matar um de seus velhos amigos também.
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Tom Ripple é de fato um psicopata
Como este original da Netflix foi inspirado no romance de 1955 de Patricia Highsmith, O Talentoso Ripley, bem como nas sequências da série, sabemos com certeza que Tom não tem consciência ou código moral. Em outras palavras, ele é um verdadeiro psicopata que raramente se sentia culpado por suas ações, o que a autora deixou claro em sua terceira peça da saga O garoto que seguiu Ripley (1980).
Dentro disso, o personagem admite que às vezes sente vergonha de seus primeiros assassinatos, porque foram erros de juventude mais do que qualquer outra coisa, mas não foi o suficiente para detê-lo. Na verdade, Tom classifica o assassinato de Dickie como um erro “terrível” antes de acrescentar que também foi “estúpido” e “desnecessário” da parte dele matar seu amigo Freddie Miles a sangue frio, mas o que está feito, está feito.
Embora o que causa o maior impacto seja a maneira como ele disse isso em um tom bastante casual, só para afirmar que cometeu tantos mais assassinatos ao longo dos anos que nem consegue se lembrar da contagem total. Afinal de contas, no livro publicado logo antes deste de 1980, O Jogo de Ripley (1974), ele próprio afirmou veementemente que detesta matar, a menos que seja “absolutamente necessário”, fazendo com que o público se pergunte precisamente onde ele inclina a balança para a pena capital.
Além disso, é imperativo observar que Tom também é um pesadelo por alguns outros motivos, sendo o principal deles o fato de ele saber que seu charme lhe permite atrair qualquer pessoa para suas mentiras, e ele tira o máximo proveito disso. Na verdade, é assim que ele consegue mascarar seu transtorno de personalidade anti-social, autoindulgência e também traços narcisistas – quando as pessoas ao seu redor percebem sua verdade, muitas vezes já é tarde demais.
Depois, há também o fato de que ele é assumidamente egoísta em todos os sentidos da palavra; se há algo que ele deseja, nenhum preço ou vida é alto demais para ele, e isso é totalmente sócio-psicopata. No entanto, o aspecto mais assustador sobre Tom é que ele é estranhamente simpático – embora não haja como negar que ele fez coisas terríveis e não merece perdão, ele também é bastante identificável.
Sua estranheza, desespero por cuidado e carinho, desejo por alguns luxos estáveis, além de opiniões obstinadas, tudo isso o torna humano, então de alguma forma acabamos esperando que ele não seja preso no final. E essa é a parte mais assustadora, especialmente porque seu nível de egoísmo é do tipo que gostaríamos de possuir também – não todos os dias, mas em algumas circunstâncias especiais quando se trata de limites.
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