Crítica | Wish – 100 anos de Disney amontoados em filme indesejado

É um tanto quanto amargo que o filme comemorativo de 100 anos do maior estúdio de cinema de todos os tempos seja uma animação tão desesperada por atenção, sem inspiração e que apenas amontoa tudo que a Disney já fez. Uma constante sensação de “eu já vi isso antes” no meio de toneladas de easter eggs meia boca. Embora siga uma jornada comum e tenha uma protagonista muito interessante, nada em Wish: O Poder dos Desejos soa genuíno. E com tantas animações recentes inesquecíveis e repletas de ânimo de fazer algo novo, como Nimona, Aranhaverso e Tartarugas Ninja, apenas depender do peso emocional do passado não coloca a Disney nessa corrida por nossa atenção.

A trama e o elenco de Wish

É claro que as referências divertidas aos clássicos do estúdio dão um leve calor no coração, especialmente se você é adulto, mas Wish não desenvolve uma história cativante entre um easter egg e outro e a mensagem motivacional da Disney nunca pareceu tão datada e cafona quanto aqui.

Cada escolha narrativa do roteiro segue um caminho raso, fácil e bobo, apenas em prol de uma trama comum que não tem a menor coragem de sair da sua zona de conforto. E por mais que essa seja parte da intenção desse filme, fazer uma homenagem à Disney clássica e sua essência mais infantil, na tela isso não funciona tão bem assim.

A trama se desenrola no reino mágico de Rosas, onde Asha (Ariana DeBose), uma idealista nata, faz um desejo tão poderoso que é atendido por uma força cósmica – um pequena bola de energia ilimitada chamada Estrela. Juntas, enfrentam um inimigo comum – o governante de Rosas, o Rei Magnífico – para salvar a sua comunidade e provar que quando a vontade de um humano corajoso se conecta com a magia das estrelas, coisas interessantes podem acontecer.

Bom, aconteceria caso o roteiro soubesse ousar um pouco mais. Desde o vilão mais genérico possível (dublado por Chris Pine) até uma jornada enfadonha de sua protagonista – que diga-se de passagem tem força e energia para ser mais que isso – nada surpreende ou mesmo diverte. O filme parece seguir uma cartilha do que fazer para ser um sucesso com o público. Ou pelo menos tenta.

De fato, Wish não consegue atingir alturas tão palpitantes e emocionais quanto deseja. Talvez seja muita pressão estabelecer um conceito único e original a essa altura do campeonato, mas se o seu propósito é honrar a história da Disney, então é justo julgá-lo em relação ao melhor que veio antes. A ideia de unir o passado e o presente também está incorporado na estética do longa, dirigido pelo veterano Chris Buck (Frozen) e Fawn Veerasunthorn.

O estilo de animação é mais gráfico do que a maioria dos recursos 3D do estúdio. Não corresponde exatamente à exuberância animada vista nos filmes animados mais recentes, mas da mesma forma tenta lembrar os tempos do desenho à mão – ou pelo menos sentir que existe um plano para parecer isso. Os destaques são os cenários exuberantes ao luar que lembram belas ilustrações de livros de contos de fadas.

Asha até segue a tradição de outras heroínas fortes da Disney, mas falta um quê de inspiração para que ela possa se destacar dentro de sua própria aventura. A voz poderosa de DeBose faz a animação subir algumas notas nos clássicos momentos de cantoria. Um lapso de brilho que se perde em meio a tantos personagens enfadonhos, que incorporam as qualidades dos sete anões da Branca de Neve.

Embora Wish seja uma tentativa de celebrar os contos de fadas, em vez de uma paródia, como vemos em Shrek, os roteiristas tentam se envolver com humor com alguns dos tropos do gênero, como números musicais dos animais e um bichinho falante como alívio cômico, nesse caso um bode, mais poderia ser um Olaf qualquer. Tanto faz.

Veredito

Mesmo com algumas cenas musicais divertidas e coloridas, há uma sensação de produção forçada em Wish: O Poder dos Desejos, uma aposta segura desesperada para agradar, sem realmente se apegar a nada que seja inovador. O mais cristalino reflexo de um ano terrível para a Disney e uma fase de baixa do estúdio, que comemora seus 100 anos com um filme abarrotado de referências vazias e roteiro terrivelmente genérico que mais parece ter sido escrito por inteligência artificial. A animação, apesar de desejar encantar, carece do DNA audacioso do estúdio e passa longe de seus maiores clássicos.

Sem muito esforço e dependendo apenas do nosso apego emocional, Wish é mais mediano do que espetacular, mas com alguns momentos em que o pó mágico realmente brilha. Uma triste constatação de que os filmes da Disney se tornaram nada mais do que esquecíveis. Às vezes, nosso único desejo é que a gigante centenária realmente pare de fazer filmes sem encanto como este.

Nota: 4/10

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