Crítica | Aquaman 2: O Reino Perdido – Uma última viagem aos mares tumultuados da DC

Aquaman 2: O Reino Perdido surge como a última onda de um mar já agitado, marcando o fim do cansado Universo Estendido da DC. Este capítulo final do estúdio, prestes a ser reinventado sob a visão de James Gunn, deixa um gosto agridoce para os espectadores.

Apesar da grandiosidade épica e proporções impressionantes, o filme naufraga nas águas rasas de um roteiro desanimador e um arco narrativo bastante superficial, ainda que bem resolvido consigo mesmo. Num cenário onde o DCEU parece encalhado e deixado para morrer na praia, a experiência se assemelha a um mergulho sem destino, uma aventura subaquática que flerta com o desperdício de tempo, apesar de lampejos de diversão em sua trajetória.

A trama e o elenco de Aquaman 2

De fato, os super-heróis parecem sucumbir ao desgaste de suas próprias fórmulas, e Aquaman 2 não é exceção. Este capítulo, contudo, não busca redimir o gênero, mas sim competir (com muita qualidade!) em um parque de diversões saturado. São tantas historinhas medíocres, sem alma ou coração, que realmente soam como um brinquedo que proporciona emoção por duas horas sem precisar usar o cérebro.

O filme comete os mesmo erros de tantos outros enquanto tenta desesperadamente provar ao público que é um brinquedo mais caro, mais animado e que vale mais o investimento do que os demais desse playground. E se for, de fato, para investir o seu dinheiro, que seja em algo bem feito.

Nesse cenário, depois de não conseguir derrotar o herói pela primeira vez, Arraia Negra exerce o poder do mítico Tridente Negro para liberar uma força antiga e malévola. Na esperança de acabar com o seu reinado de terror, Aquaman forja uma aliança improvável com o seu irmão, Orm, o antigo rei da Atlântida. Deixando de lado suas diferenças, eles unem forças para proteger seu reino e salvar o mundo da destruição iminente. Agora pai, Arthur Curry precisa medir seus atos em prol de proteger sua família.

Como podemos ver, o roteiro é bastante preguiçoso. A trama fala tanto de aquecimento global que decide reciclar seu vilão, que agora possui um arco bastante superficial, nem mesmo a forte presença de Yahya Abdul-Mateen II faz funcionar. É clichê, exagerado e megalomaníaco como as piores criações da DC na Era Snyder. 

Entretanto, há um farol nesse oceano, e esse farol responde ao nome de Jason Momoa. O astro mantém seu carisma e diversão, apesar das piadas que muitas vezes não encontram o alvo desejado. A dinâmica entre Momoa e Patrick Wilson é o ponto alto, enquanto James Wan, apesar das adversidades nos bastidores, conduz o filme com sua visão ousada e criativa. A montagem fragmentada, entretanto, compromete o ritmo, transformando o filme em um quebra-cabeça de cenas de ação e momentos humorísticos desconexos, mas sinceros de certa maneira.

O mergulho visual de Aquaman 2 é o verdadeiro tesouro aqui. Inspirando-se em Avatar, o filme entrega uma estética de tirar o fôlego. A fotografia é estonteante, os efeitos digitais impecáveis, e cada frame é um convite ao assombro. As profundezas do oceano ganham vida, embaladas por batalhas épicas que evocam a grandiosidade de O Senhor dos Anéis, mesmo que, por vezes, se sintam apressadas. O 3D, por sua vez, está ótimo e dá uma profundidade sofisticada ao universo marítimo.

A água turva da sequência porém, encontra-se em seus personagens secundários. Amber Heard, como Mera, mal figura na narrativa (apesar de ter mais tempo de tela do que o esperado!), e a ausência de outros heróis da DC parece ser uma escolha acertada. A trama se encaixa bem com o filme anterior, mas falta uma bússola narrativa para apontar seu caminho. Os elementos de horror, intrínsecos à experiência de Wan, oferecem uma tonalidade sombria e urgente, mas contribuem para a confusão narrativa.

Aqui, a sequência adere à filosofia do “quanto mais, melhor”, algo que, infelizmente, raramente se traduz em sucesso. Ainda assim, apesar das falhas, o coração do mundo aquático de Aquaman permanece pulsante, ancorado na persona cativante e fanfarrona de Jason Momoa. Num mar de sequelas naufragadas, isso, por si só, é uma raridade que merece reconhecimento.

Veredito

Em meio às águas turbulentas do fim de um universo estendido, Aquaman 2: O Reino Perdido emerge como uma última onda, oferecendo uma experiência de super-herói que oscila entre o fascínio e a frustração. Enquanto o filme afunda nas profundezas de um roteiro raso, o olhar visionário de James Wan resgata a grandiosidade visual que a DC pode oferecer. Num cenário pós-The Flash, esta aventura subaquática entrega uma belíssima overdose de ação que, mesmo desprovida de substância, se mantém no auge graças à sua estonteante qualidade visual de cair o queixo.

Apesar da urgência narrativa, o filme proporciona uma despedida decente ao DCEU em colapso. É uma pena que, assim como Atlantis, esse universo compartilhado tenha desaparecido, mas Aquaman persiste como uma de suas melhores produções. A despeito das ondas de clichês, a sequência consegue se manter à tona, oferecendo uma jornada épica que, embora não redima completamente os erros do passado, serve como uma despedida memorável. Uma última (e empolgante) viagem aos mares tumultuados da DC antes da chegada da nova onda.

NOTA: 8/10

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