Crítica | Hypnotic: Ameaça Invisível – Robert Rodriguez canaliza Nolan em filme alucinante

Se tem um diretor moderno que desafia o espectro de gêneros, esse alguém é Robert Rodriguez. Um artista capaz de flutuar do terror à fantasia infantil com uma facilidade que desafia a gravidade das expectativas de Hollywood. No entanto, por mais alto que ele vá, ele também tem seus momentos de queda – e alguns mergulhos são mais profundos do que outros. Hypnotic: Ameaça Invisível, no entanto, se distancia em partes desses deslizes ocasionais.

Com um roteiro carregado de curvas inesperadas, às vezes parece mais um carrossel narrativo que gira a uma velocidade vertiginosa. Mesmo que por vezes exagere, não se pode negar que é uma imersão intrigante, sobretudo pela carismática presença de Alice Braga. Já Ben Affleck, bem… parece ter deixado o piloto automático ligado.

A trama e o elenco de Hypnotic

Em Hypnotic, nos deparamos com um paradoxo visual. É surpreendente pensar que a mente por trás da distinta estética de Sin City, Rodriguez, nos apresente algo tão inesperado assim. E Affleck, com a magnitude de sua trajetória, adentrando este labirinto enigmático. A história começa bastante intrigante, uma homenagem ao icônico Blade Runner, e rapidamente mergulhamos nos olhos intensos de um Ben Affleck um tanto quanto sem rumo.

Ele é Danny Rourke, um detetive mergulhado em sua dor após o desaparecimento de sua filha e a desintegração de seu casamento. No entanto, o que parecia ser apenas mais um dia de trabalho, transforma-se em um misterioso enigma quando ele se depara com o perturbador Dellrayne, habilidosamente interpretado por William Fichtner (Fúria sobre Rodas), que exerce uma influência inexplicável sobre as pessoas através de sua mente. Daí por diante, tudo começa a parecer um episódio de Jessica Jones, só que envolto em um manto de realismo.

E à medida que a trama se desenrola, mais mistérios emergem. Alice Braga (Cidade de Deus), com sua seriedade e determinação, entra em cena como a cartomante Diana Cruz, trazendo revelações sobre Dellrayne e a sombria organização chamada Division. No entanto, a química entre Braga e Affleck é ocasionalmente ofuscada por diálogos que mais parecem um labirinto expositivo do que um caminho claro.

Rodriguez, com seu co-roteirista Max Borenstein, apresenta um cenário que lembra A Origem, mas as semelhanças são passageiras. As reviravoltas frequentes tornam-se quase um truque de mágica, mas falta o encanto. Em vez de surpreender, muitas vezes elas desviam a atenção do que deveria ser o foco: o drama humano subjacente. A abordagem usual de Rodriguez para a ação também se desvia, resultando em sequências que deixam mais a desejar do que realmente entregam.

Veredito

Em sua essência, Hypnotic: Ameaça Invisível é um filme que almeja grandiosidade mas se perde, por vezes, em sua própria ambição. Ele se emaranha em sua própria complexidade, nos lembrando de um melodrama novelesco espanhol. As aspirações à genialidade de Christopher Nolan são palpáveis, mas Rodriguez, por mais engenhoso que seja, parece estar jogando uma partida diferente.

Felizmente, o filme destaca a coragem de Robert Rodriguez em sair da zona de conforto, mesmo com limitações de orçamento. O filme, com todos os seus altos e baixos, é um testemunho do risco e dessa busca por inovação. E enquanto navega por suas reviravoltas tumultuadas, ainda nos oferece lampejos de brilho que merecem ser vistos, mesmo que estejamos um pouco tontos no final dessa loucura toda.

Este filme foi assistido no Festival do Rio 2023.

NOTA: 7/10

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