A esfera literária de Andrzej Sapkowski, indiscutivelmente rica e instigante, parece ter encontrado seu desafio mor ao ser transposta para as telas pela gigante do streaming. The Witcher, com seu ritmo inconstante e roteiros que em momentos mais parecem um labirinto de confusões do que uma história contada, vem tentando (e falhando) alcançar o ápice de sua premissa desde o início.
Se no Volume 1 da 3ª temporada nos deparamos com uma engrenagem literária que girava quase em vão, o Volume 2 se propõe a resgatar a alma da saga, mesmo que tardia e abruptamente.
Dividida em dois volumes, essa temporada acaba por sabotar sua própria narrativa, que se arrasta como um caracol numa esteira de confusão. Onde o Volume 1 desperdiçou cinco episódios em um enredo estagnado, o Volume 2 tenta dar um brilho final em apenas três bons capítulos. Porém, essa divisão acaba funcionando como um impulso no fluxo da história, levando a um cansaço narrativo como poucas séries atuais.
A trama e o elenco
A jovem Ciri, nesse volume, caminha para o centro do palco, em uma jornada acelerada de amadurecimento que emula os tons áridos de clássicos como Duna, no bom episódio 7. Porém, esse movimento parece uma tentativa precipitada de dar protagonismo à personagem, que até então parecia estar à margem do próprio título da série.
A trama nos leva à fortaleza de Aretuza, um campo de batalha de corrupção política, magia sombria e traição, onde Ciri, Geralt e Yennefer (Anya Chalotra) devem lutar ou correr o risco de perder um ao outro para sempre. Embora o Volume 2 até despeje algum ânimo na saga, com uma mudança de ambiente e ponto de vista, é a performance de Freya Allan como Ciri que realmente brilha. Ela embarca em uma odisséia pessoal no deserto, enfrentando seu passado e se provando ser a verdadeira estrela da série.
Enquanto isso, Henry Cavill, que não retornará para a quarta temporada, recebe uma despedida que mais parece um cochilo não intencional durante um filme. Apesar de ser colocado em situações que exigem bem mais de sua atuação física, o final de Geralt de Rívia é uma nota baixa e sem impacto em uma sinfonia de altos e baixos. Muito mais enfadonho e sem um plano definido pela produção do que parecia que seria.
Visualmente, The Witcher não deixa a desejar. O CGI é impressionante, superando muitas produções da Marvel, por exemplo, e o design de produção e a cinematografia também são dignos de nota. As cenas de luta, embora caóticas, e o aspecto sombrio deste Volume, proporcionam a sensação de perigo constante que a série tanto precisava no Volume anterior. As novas sequências de ação, aliás, são uma delicinha de acompanhar.
Entretanto, mesmo com esses pontos positivos, a terceira temporada flerta com sua essência de fantasia, mas volta a tropeçar no ritmo arrastado e na falta de direção. A trama parece desgastada, cansativa, e os episódios longos tendem a esvaziar em conteúdo relevante. É realmente difícil manter-se conectado com a história – com tantos personagens irritantes secundários – durante toda a aventura e isso é absolutamente cansativo.
No fim do capítulo 8, o Lobo Branco de Henry Cavill recebe um adeus frio e sem coração, e Ciri, apesar de tomar o posto de protagonista, não consegue mostrar força para sustentar essa vaga por muito tempo. Quanto à tão prometida “despedida heróica” de Geralt? Ficou apenas na sugestão da showrunner da série, Lauren Hissrich.
The Witcher retorna para intrigar com política e revelações de personagens surpresa, mas a espera de um mês para terminar a terceira temporada é profundamente decepcionante. A confusa direção da série nunca foi tão aparente ao tentar lidar com a partida de Cavill e ao mesmo tempo atrair o público para as duas próximas temporadas sem ele.
Como uma garrafa de vinho fino servida em um copo de plástico, The Witcher parece ter perdido parte de sua essência ao longo do caminho. E não tem Liam Hemsworth que faça esse interesse voltar. O bruxão cumpriu seu papel e se foi, mas levou junto qualquer ânimo que ainda restava nessa série.
NOTA: 6/10
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