Mais um ano, mais um filme estrelando por Gerard Butler (Alerta Máximo) dentro do complexo de “branco salvador”. Missão de Sobrevivência (Kandahar), trazido ao Brasil pela Diamond Films, é mais um exemplar dessa onda de falta de engenhosidade que assola os roteiristas de Hollywood atualmente. Enquanto uns se perdem em excessivas produções de super-heróis, outros se contentam em replicar histórias iguais todos os anos, e infelizmente, este filme parece estar exatamente no meio desse furacão de mesmice.
A trama e o elenco
A trama água com açúcar nos apresenta Tom Harris (Butler), um típico agente secreto que se vê encurralado em território hostil no Afeganistão, após sua identidade ser revelada. A busca por escapar dessa situação angustiante e chegar a uma base de resgate em Kandahar é o cerne da premissa, com a ajuda de seu intérprete. Mas nem mesmo o carisma habitual de Butler consegue resgatar este filme do completo tédio. Os vilões estereotipados e a visão americanizada do Oriente Médio são clichês que já conhecemos de cor. De fato, não deixa de ser exatamente o que esperamos do gênero, mas mesmo assim, a trama politicamente confusa não favorece o resultado final.
Missão de Sobrevivência tenta capitalizar em assuntos globais conhecidos atualmente, mas falha em proporcionar uma experiência cinematográfica que seja realmente empolgante. O tempo de execução padrão de duas horas parece uma eternidade, levando o espectador a um sono profundo. A ação, por sua vez, carece de emoção, a trama perde o fôlego rapidamente e o envolvimento emocional é mínimo, tudo graças a um roteiro desleixado que parece ter sido escrito por uma criança de 10 anos. Para uma obra moderna no contexto de guerra, nada aqui funciona.
Por outro lado, tecnicamente, o filme não é uma completa decepção. Apesar da falta de profundidade do roteiro, é inegável que a produção foi bem investida, com boas ideias visualmente cativantes. Os efeitos práticos são charmosos, remetendo aos filmes de ação da década de 80/90. A trilha sonora se destaca e a cinematografia é surpreendentemente deslumbrante.
Um dos raros momentos de empolgação surge em uma cena noturna de ação no deserto, verdadeiramente impressionante e o melhor momento da obra. Ela é repleta de tensão e ritmo constante, mostrando que o diretor Ric Roman Waugh (Destruição Final: O Último Refúgio) – amigo de longa data de Butler – sabe lidar com o gênero. No entanto, esses momentos ficam perdidos em meio à lentidão e falação desnecessária, resultando em um filme longo, cansativo e desinteressante.
Missão de Sobrevivência era um filme promissor, mas naufragado por uma narrativa confusa e sem noção. Tenta abordar temas atuais relacionados ao terrorismo, mas falha em se destacar em meio à concorrência. Uma tentativa válida, porém, carece da profundidade necessária para torná-lo memorável. Mais um filme genérico em uma maré de produções semelhantes que precisam urgentemente de um sopro de criatividade e originalidade para se sobressaírem. Gerard Butler liga mais uma vez o piloto automâtico e entra em guerra com o nosso sono. E, no fim, a soneca vence.