Crítica | Resgate 2 extrai diversão com uma sequência ostentosa

Depois de muita espera e expectativa, a continuação do fenômeno de 2020 traz uma abordagem mais inspirada nos filmes de ação dos anos 90, nos quais heróis improváveis ressurgem para lutar como se fossem invencíveis. Resgate 2 (Extraction 2) segue a lógica dos videogames – uma tendência do cinema atual -, com fortes referências a Call of Duty, e coloca mais uma vez o astro Chris Hemsworth no papel de um protagonista que se assemelha a um personagem de jogo de tiro em primeira pessoa. Com isso, aproveita seu ponto mais forte: a ação desenfreada.

De fato, Hemsworth protagoniza cenas absolutamente impressionantes, carregadas de ambição em cada giro que a câmera dá, mas a sequência, ainda que intensa de assistir, por vezes exagera na tentativa de se equiparar a filmes como Operação Invasão, perdendo parte de sua substância pelo caminho e não conquistando tanto assim a emoção do anterior.

A trama e o elenco

De maneira improvável (mas até que bem justificada), Hemsworth retorna como o mercenário Tyler Rake, que sobrevive milagrosamente a uma missão quase fatal em Bangladesh e está pronto para aceitar seu próximo contrato após uma breve passagem pelo hospital e algumas flexões necessárias sobre a razão de viver. O filme, escrito por Joe Russo, metade da famosa dupla de diretores da Marvel Studios, não perde tempo em levar Rake para uma nova missão, em um enredo que se concentra principalmente em proporcionar emoções intensas ao espectador que busca ação.

Embora os detalhes sobre o alvo, os vilões e o passado de Rake sejam intercambiáveis, isso não é um problema, pois o foco está em desligar os dispositivos de segurança e embarcar na loucurada da história. Para nossa sorte, a espera valeu à pena, Resgate 2 transmite uma sensação gloriosa que faz com que as sequências de ação se assemelhem a um jogo de tiro, seja com a câmera posicionada logo atrás de Rake ou na forma como ele desafia a morte, regenerando sua saúde e vidas.

Essa abordagem é extremamente divertida, embora alguns momentos da fotografia pareçam um pouco abaixo do esperado em termos técnicos, especialmente quando Rake defende um trem em fuga, lembrando as paisagens digitais de games de baixo orçamento. A interpretação de Tornike Gogrichiani como o chefe do crime georgiano e inimigo de Rake, é uma representação bastante clichê e ultrapassada do mal do Leste Europeu, que estabelece a presença imponente de seu exército de criminosos.

O desempenho de Hemsworth, por sua vez, é reforçado por uma persona mais inabalável, que evoca a arrogância dos heróis de ação dos anos 80, como Schwarzenegger e Stallone. Embora não seja lá um roteiro inovador, há elementos narrativos suficientes para colocar Rake em apuros e conduzir a história com ótimas intrigas e suspense. A trama é feijão com arroz básica, mas funciona boa parte do tempo.

Longe da palhaçada de Thor, Hemsworth se encaixa perfeitamente no papel do atirador solitário lendário, tanto em termos de perfil quanto nas coreografias de lutas e acrobacias. Aqueles que apreciaram a ação vertiginosa no original, certamente ficarão satisfeitos em saber que a sequência oferece cenas ainda mais intensas e mirabolantes. Por outro lado, o diretor Sam Hargrave recorre a um recurso frustrante presente em muitos filmes americanos contemporâneos: a câmera trêmula e agitada.

A câmera oscila e treme enquanto o protagonista se movimenta em uma prisão georgiana, tentando criar uma sensação de imersão na ação. No entanto, em vez de amplificar a intensidade, essa técnica enfraquece a entrega das cenas de violência impactante criadas por Hargrave. Apesar da coreografia intrincada e brutalmente satisfatória, a insistência em capturar a ação de maneira ineficiente é a falha terrível.

Além disso, o filme carece de peso emocional para impulsionar o personagem principal ou aumentar as apostas de forma significativa. Os personagens coadjuvantes, como Nik (interpretada por Golshifteh Farahani) e Yaz (interpretado por Adam Bessa), existem principalmente para ajudar a desenvolver o protagonista e fornecer apoio em situações tensas. Infelizmente, parece que seu potencial não foi totalmente explorado, apesar de Farahani apresentar um desempenho sólido que poderia sustentar uma franquia própria.

Veredito

Sendo um oponente digno para o próprio John Wick, Resgate 2 ganha tempo por não tentar reinventar as regras do gênero, amplifica a tensão desenfreada do primeiro e parece a narrativa de uma partida intensa de videogame, ainda que tenha menos coração que o anterior.

O diretor Sam Hargrave e o astro Chris Hemsworth prestam homenagem às sequências de ação extravagantes de filmes clássicos e insanos da categoria, apesar de enfrentar alguns problemas com os efeitos digitais e não ter o auxilio de um roteiro mais engenhoso. Ainda assim, há adrenalina de sobra para resgatar a diversão da franquia, ser mais que apenas um filme do meio e preparar o terreno para uma continuação ainda maior.

NOTA: 7/10

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