Linha Direta | Barbárie de Queimadas: Relembre o crime que chocou o Brasil e seu desfecho

O programa Linha Direta já está no ar sob o comando de Pedro Bial. Nesta semana, o popular programa vai remontar um caso ocorrido no Agreste da Paraíba, que será tema do jornalístico global. O crime que ficou conhecido como A Barbárie de Queimadas vai ser abordado. Quer saber mais sobre essa história terrível? Pega o café que vamos explicar.

Conheça a história

Um estupro coletivo planejado contra cinco mulheres em uma festa de aniversário resultou na morte de duas delas, na madrugada do dia 12 de fevereiro de 2012, em Queimadas, no Agreste da Paraíba. Dez anos depois do crime que causou indignação nacional e ficou conhecido como Barbárie de Queimadas, o mentor da ação, Eduardo dos Santos Pereira, condenado a 108 anos de prisão, está foragido desde 2020, após fugir do presídio pela porta lateral.

Depois e posts felizes nas redes sociais no dia 11, as cinco mulheres não imaginavam que seriam as vítimas de um estupro coletivo dos homens que chamavam de amigos. Conforme as investigações, os abusos foram planejados pelos irmãos Luciano e Eduardo dos Santos Pereira, que teriam convidado outros homens para abusar sexualmente das convidadas na festa de aniversário de Luciano. Segundo informações contidas no processo, o crime seria um “presente” para o aniversariante.

Na casa estavam sete mulheres, nove homens e três adolescentes. Eduardo e Luciano organizaram a festa, convidaram as vítimas para o evento e se dirigiram a um mercado para comprar cordas e lacres do tipo ‘enforca-gato’, com o objetivo de amarrar as vítimas e forçar relações sexuais. Para realizar o estupro coletivo, por volta da meia-noite, Eduardo e Luciano forjaram um assalto e entraram encapuzados na residência durante a festa, com os três adolescentes e mais cinco dos homens que estavam no local.

Os envolvidos nos abusos combinaram que, durante a festa de aniversário, três deles apagariam o sistema de energia e invadiriam a casa com máscaras de carnaval se passando por assaltantes para poder render as vítimas e, depois que elas fossem amarradas e vendadas, todos iriam estuprá-las.

Os outros dois homens que estavam na festa foram vítimas, e as esposas deles estão entre as cinco abusadas. As duas mulheres que estavam na residência e não foram alvo do estupro coletivo são justamente as esposas de Eduardo e Luciano.

As vítimas

Enquanto era estuprada, Izabella teria se debatido e conseguido identificar Eduardo como um dos estupradores. Em depoimento, um dos suspeitos revelou os pedidos da vítima que reconheceu o agressor e pediu para não ser estuprada. “Tanto que eu fiz por você! Não faça isso não! Pare, minha mãe não aguenta isso não”.

A partir daquele momento, os abusos foram interrompidos, e os homens fugiram de carro levando Izabella Pajuçara e Michele Domingos, que também estava no quarto no momento e, portanto, teria ouvido a fala da amiga reconhecendo o estuprador.

Michele chegou a pular do carro em movimento, mas recebeu quatro tiros, sendo dois na cabeça, em frente à igreja Matriz, no Centro de Queimadas, mesma igreja onde participou da missa na noite anterior. Ela ainda foi levada ao hospital da cidade, mas não resistiu aos ferimentos. Já Izabella foi encontrada com uma meia dentro da boca na estrada que liga Queimadas a Fagundes, dentro do carro usado na fuga dos criminosos. Ela foi atingida por três disparos.

Quando o dono da festa foi dar queixa do assalto na delegacia, a polícia começou a desconfiar da reação dele. “Como é que um crime tão bárbaro que aconteceu na sua residência, durante um aniversário de um irmão seu, meia hora depois você está sorrindo?”, questionou o delegado regional André Luis Rabelo de Vasconcelos.

Um dos suspeitos, de 28 anos, chegou a ir ao velório de Izabella, onde foi preso. Depois daquele dia, os familiares das vítimas iniciaram uma grande batalha por justiça, enquanto buscavam lidar com o luto. A mãe de Izabella, inclusive, entrou em depressão e passou oito anos em sofrimento profundo, com dificuldades para sair de casa, até quando morreu em 2020.

Condenações

Em 2014, Eduardo dos Santos Pereira foi condenado a 108 anos de prisão. Ele foi considerado culpado por dois homicídios, formação de quadrilha, cárcere privado, corrupção de menores e porte ilegal de arma, além dos cinco estupros. Por estes crimes, ele foi condenado a 106 anos e 4 meses de reclusão. Além disso, ele recebeu uma pena de 1 ano e 10 meses de detenção pelo crime de lesão corporal de um dos adolescentes envolvidos no crime.

Luciano dos Santos Pereira, irmão de Eduardo, foi condenado a 44 anos de prisão. Ele é o único que segue em regime fechado. Jacó Sousa foi sentenciado a 30 anos de reclusão, por estuprar duas mulheres e participar no abuso das outras três vítimas. Ele foi assassinado quando voltou à cidade do crime, depois de ter direito à liberdade condicional.

Diego Rego Domingues foi liberado para cumprir a pena de 26 anos e seis meses no regime semiaberto, na Penitenciária de Segurança Média de Mangabeira, em João Pessoa. Fernando de França Silva Júnior foi condenado a 30 anos de prisão. Luan Barbosa Cassimiro deve cumprir 27 anos de reclusão, pela violência sexual praticada contra uma vítima e participação no estupro das quatro demais. Já José Jardel Sousa Araújo foi condenado a 27 anos.

Os adolescentes já cumpriram medida sócio-educativa no Lar do Garoto, no município de Lagoa Seca, Agreste do estado.

Eduardo está foragido

Eduardo fugiu da Penitenciária de Segurança Máxima Doutor Romeu Gonçalves de Abrantes de João Pessoa, conhecida como PB1, no dia 17 de novembro de 2020. No momento da fuga, quatro policiais penais faziam a segurança do setor e foram encaminhados à Central de Polícia para prestar esclarecimentos. Um deles foi autuado por facilitação culposa e, em seguida, liberado.

Fonte G1.

Linha Direta é inspirado em programas de sucesso nos Estados Unidos, como Yesterday, Today and Tomorrow e The Unsolved Mysteries.

Em cada programa eram apresentados dois casos policiais, mostrando a cobertura jornalística na ocasião em que os crimes tinham sido cometidos, o processo de investigação e sua reconstituição baseada em depoimentos.

Além de receber as sugestões de casos dos telespectadores, a equipe de reportagem viajava o Brasil todo produzindo matérias e buscando pautas.

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