Estava lá o tempo todo. O título de Star Wars: Ascensão Skywalker já preparava para uma cena final polêmica e que se tornaria um dos maiores pesadelos para os fãs da franquia. Afinal, Luke havia se juntado à força. Carrie Fisher, a eterna Princesa Leia, fez o mesmo por aqui, em nosso mundo. Ben (ou Kylo), era um Solo. Então, sobre qual Skywalker poderia ser o nono episódio da saga?
Rey, é claro. A garota que havia sido abandonada no inóspito planeta Jakku quando era apenas uma criança. Aquela que veio do lixo (literalmente) para se tornar a grande heroína da galáxia. Quem, em sã consciência, acharia que uma “ninguém” carregaria o legado de uma das maiores histórias já contadas no cinema?
Confesso que eu era uma dessas pessoas. Após o trabalho sublime de Rian Johnson em Os Últimos Jedi, este que vos fala passou a acreditar que os velhos livros finalmente tinham sido queimados e o futuro da galáxia seria novo e interessante.
Isso porque o Episódio 8 foi marcado por uma série de decisões corajosas e progressistas, que abriram espaço para uma continuação à altura. Com Luke, Leia e Han fora da jogada, o caminho para Rey, Finn e Poe era brilhante.
O trio poderia finalizar a saga à sua maneira, livre de legados ou fantasmas de outrora — principalmente a jovem jedi, que trilhava seu caminho sozinha desde a infância. Com o lançamento de Ascensão Skywalker, porém, vimos que se desprender do passado pode ser mais difícil do que parece.
Muitas das péssimas decisões criativas do filmes foram reflexo do hate sofrido por Os Últimos Jedi. A fanbase conservadora de Star Wars não gostou nem um pouco de ver os defeitos de antigos heróis. Se para alguns poucos a visão de Rian Johnson foi vista como transformadora, para a grande maioria do público ela significou a perdição da história iniciada por George Lucas em 1977.
Assim, para agradar aos descontentes, J.J Abrams foi convocado pela Lucasfilm para dirigir um longa repleto de fan services baratos e decisões seguras. Ascensão Skywalker nada mais foi do que uma tentativa desesperada de apagar tudo o que foi feito por Rian Johnson em Os Últimos Jedi e, dessa forma, restaurar os “bons costumes” da franquia.
O resultado, é claro, foi desastroso. Rey (interpretada por Daisy Ridley), certamente foi a mais prejudicada nessa história toda. Se era esperado que a jedi trilhasse um caminho próprio e se tornasse uma “lenda” inédita no universo de Star Wars, tudo foi por água abaixo com a revelação de que a garota tinha o sangue do Imperador Palpatine. Como se isso já não bastasse, o roteiro do nono episódio ainda fez questão de atribuir o sobrenome “Skywalker” à garota.
Assim, é compreensível que muitas pessoas se revoltem com o anúncio de um novo filme da franquia estrelado pela personagem. Hoje, para muitos, Rey simboliza o “pior” de Star Wars na Disney. Eu mesmo concordo [até certo ponto] com a afirmação. Mas será que Rey (e Daisy Ridley, sua intérprete), não merecem uma segunda chance?
Até o lançamento de Ascensão Skywalker eu nunca havia enxergado Rey como uma personagem desinteressante. Muito pelo contrário! Ela era persistente, inteligente, corajosa e tinha muita habilidade com o sabre de luz. Parq mim, ela sempre foi uma verdadeira jedi, que aos poucos conquistava seu espaço em um universo repleto de personagens gigantes como Luke Skywalker.
As péssimas escolhas feitas no Episódio 9 certamente impediram que Rey se destacasse no momento em que mais deveria. A impressão é que ela se tornou um simples elemento narrativo, sem voz própria, que só foi capaz de concluir a missão graças aos muitos sobrenomes que lhe deram.
Antes do Episódio 9, porém, Rey nunca havia precisado de nomes ou alcunhas para se provar. O carisma da personagem somado à ótima atuação de Daisy Ridley me fizeram simpatizar com ela desde os primeiros minutos de “O Despertar da Força”. Além do mais, a garota simbolizava um recomeço para a franquia, então nada mais justo que esperar algo diferente e empolgante.
Por esses motivos, diria que é extremamente acertada (e até mesmo surpreendente) a decisão de lançar um filme com foco na personagem. O projeto — que ainda não teve título oficial divulgado — promete se passar 15 anos após os eventos do Episódio 9, com foco em Rey criando uma nova ordem jedi. Hoje, no que diz respeito à franquia, não consigo imaginar uma segunda chance mais merecida.
Vale dizer que Star Wars sempre foi marcada por “segundas chances”, dentre as quais podemos destacar os recentes retornos de Hayden Christensen e Ahmed Best em Obi-Wan Kenobi e Mandaloriano respectivamente. Também é possível mencionar a animação Clone Wars, que por si só ressignificou totalmente os Episódios 1, 2 e 3 de George Lucas.
A insistência em Star Wars já se mostrou gratificante muitas vezes. E quando o assunto é Rey, confesso ficar ainda mais empolgado. Vejo o resgate da personagem até mesmo como uma possibilidade de “compensar” o estrago feito em Ascensão Skywalker. E digo mais: esta era praticamente uma obrigação que a Disney e Lucasfilm tinham para com a jedi e sua intérprete após os crimes criativos que foram cometidos no Episódio 9.
Ao meu ver, Rey ainda tem muito o que nos contar. Vê-la como protagonista em sua própria história é algo que aguardamos desde 2015, quando ela levantou o sabre de luz pela primeira vez. Para isso, no entanto, é importante que as mentes por trás do novo projeto consigam enxergar sua verdadeira essência: antes de Palpatine ou Skywalker, ela é Rey. Só Rey.
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