Ao longo de cinco décadas, em uma pequena academia no bairro de Pinheiros, alguns alunos praticaram karatê com um dos mestres mais importantes do mundo: o japonês Taketo Okuda, que imigrou para o Brasil nos anos 1970 como enviado oficial da Associação Japonesa de Karatê para difundir essa arte marcial por aqui. Apesar de sua relevância, Okuda preferia o anonimato: era extremamente reservado e por isso permaneceu em boa medida desconhecido. Agora, a trajetória do mestre é revelada pelo documentário UM SAMURAI EM SÃO PAULO. Selecionado entre as produções mais votadas pelo público na 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o filme chega aos cinemas em 30 de março com distribuição da Elo Studios e acaba de ter o seu trailer oficial divulgado.
Confira o trailer abaixo:
A história de Okuda é narrada pela perspectiva de Débora Mamber Czeresnia, sua aluna, brasileira e neta de sobreviventes do Holocausto, que encontrou na arte marcial muito mais do que disciplina e força. “Enquanto o Brasil e o mundo assistem à escalada de discursos agressivos e bélicos, o que Okuda nos traz é um potente grito de kiai de resistência, nos convidando a repensar a necessidade de armar-se contra o outro. Por isso, UM SAMURAI EM SÃO PAULO é um filme extremamente atual”, comenta a diretora.
O longa-metragem é a estreia de Débora na direção e foi selecionado como parte do Selo ELAS, uma iniciativa que fomenta filmes feitos por mulheres, na intenção de ajudar na equidade de gênero do setor.
Débora, que se coloca como narradora do filme, resgata também sua experiência e memórias ao lado do mestre, falecido no início de 2022 aos 79 anos. “Ser aluna de Okuda me fazia querer dar o melhor de mim a cada golpe, não importando o cansaço, a preguiça, as dores no corpo, as frustrações da vida.”
“Okuda foi um grande guerreiro. Mesmo com idade já avançada, ninguém ousava ficar frente a frente com ele numa luta. Ao mesmo tempo, sua prática era o oposto da agressividade. Para ele, o karatê era uma maneira de se conectar com a natureza e com o universo.”
Discípulo Masatoshi Nakayama, responsável pela difusão do karatê Shotokan no Ocidente, Okuda formou uma geração de atletas que marca o desenvolvimento da modalidade no país. Com a morte de seu mestre, nos anos 1980, afastou-se das competições esportivas e passou a usar a prática como ferramenta para alcançar a transcendência.
“A trajetória de Okuda foi marcada pela infância no Japão pós-Segunda Guerra Mundial. O paralelo entre a vida desse imigrante e a de meus avós, também sobreviventes do Holocausto, foi se costurando à medida que o documentário se construía. Ao longo dos dez anos que levei para realizar o filme, percebi o quanto a batalha que minha avó travou é ainda hoje inseparável do meu modo de ver o mundo e entendi outros significados da luta e da resistência de povos da diáspora.”
Dessa forma, UM SAMURAI EM SÃO PAULO explora esse encontro entre uma judia brasileira e um japonês, ambos atravessados pelos traumas de regimes fascistas.
“Por tudo o que ele representava, sinto que sua história conversa muito com a situação que vivemos hoje, carregada de uma hostilidade imensa. Nós, judeus, sabemos bem as consequências de discursos que demonizam o outro, o diferente.”
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