Crítica | Terra dos Sonhos – Carregado de emoção mas desprovido de imaginação

Ver Jason Momoa passeando pelos sonhos das pessoas pode ser o sonho de muita gente. Felizmente, para as crianças isso se tornou realidade com Terra dos Sonhos, nova fantasia familiar da Netflix que apresenta Momoa como uma criatura astuta, com chifres e dentes afiados. Porém, o filme do diretor de Jogos Vorazes se inspira tanto nos quadrinhos, que falha em capturar o capricho e a essência de suas origens, resultando em um grande espetáculo visual sem muito sentido prático e narrativo.

A trama e o elenco

Adaptado da história em quadrinhos Little Nemo in Slumberland de Winsor McCay, Terra dos Sonhos segue Nemo (Marlow Barkely), uma jovem que viaja pelo mundo dos sonhos sem nenhum limite ao lado de um sátiro chamado Flip (vivido por Momoa e seu carisma tradicional). Após a morte de seu pai, ela é enviada para morar com seu tio chato e, logo depois, é despertada para um mundo mágico. Na história em quadrinhos original, um menino se vê em situações extraordinárias; muitas vezes, os sonhos começam simples e depois se tornam mais estranhos à medida que a trama evolui.

No filme de Francis Lawrence, por outro lado, a energia singular da obra serve apenas como atmosfera para o desenrolar de algo muito mais raso, simples e infantilizado. Uma aventura familiar que já vimos aos montes em Hollywood, sem muito coração ou mesmo imaginação. Já Marlow Barkley, por sua vez, é uma jovem atriz talentosa que transmite com eficácia as profundezas das emoções de sua personagem.

No entanto, enquanto os fãs dos quadrinhos podem lamentar esta adaptação medíocre e superficial, crianças e famílias devem se deliciar com a aventura que se transforma. O filme é, de fato, um espetáculo, embora a renderização do CGI seja um pouco convencional demais. Com sua história central seguindo os temas de luto e inconformidade, o conto simples, mas atraente, certamente manterá o público adulto envolvido na maior parte do tempo. Longe de ter o ar sombrio que se esperava, a direção e o roteiro retém a atenção por conta de seus desafios. Todavia, a adaptação é monótona e triste, desprovida de ambição.

O filme tem um toque de cor, mas a paleta é muito suave para ser marcante. A sensação que fica é de que a história teria sido melhor aproveitada caso o filme fosse uma animação. Enquanto tenta cultivar uma atmosfera extravagante, com estética emprestada de outras sobras mais imaginativas, seus esforços são desperdiçados através de um roteiro brando, sem progressão, confuso e que falha em desenvolver mais a fundo seus personagens, mesmo com visuais exuberantes.

A narrativa se contorce de maneiras inflexíveis para fazer tudo fazer sentido, em vez de deixar o caos dos sonhos reinar. O mais perto que chegamos de tocar genuinamente na alegria do gênero de fantasia é com a trilha sonora caprichosa e temática, que captura o coração e a emoção que a direção de Lawrence e o roteiro chegam nem perto de alcançar.

Conclusão

Com isso, Terra dos Sonhos transmite uma história carregada de emoção e visuais espetaculares, mas passa longe de aproveitar o terreno fértil e sombrio de sua icônica obra original. Ainda que escassamente encantador, não deixa de ter seu valor de entretenimento, muito por conta do ótimo show que Jason Momoa oferece. Apesar de não ser um sonífero, o filme da Netflix, como a maioria dos sonhos, desaparecerá de nossa mente assim que acabar.

NOTA: 5/10

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