Crítica | Lou – Performances femininas ferozes em thriller intenso

Ainda que previsível em sua essência, Lou – novo thriller da Netflix produzido por J.J. Abrams – consegue entregar entretenimento de qualidade sem grande esforço. E isso tem sido cada vez mais difícil na plataforma. Esse primo mais novo e revigorante de Identidade Bourne está absolutamente à altura dos padrões do gênero, especialmente por conta das performances do forte elenco feminino que, juntas, mantêm a ação fundamentada, realista e motivada pelo instinto maternal, tudo isso sem abrir mão de uma história intrigante.

A trama e o elenco

Situado nos anos 80 em uma ilha remota no noroeste do Pacífico, conhecemos Lou (Allison Janney), uma anciã misteriosa e boa de briga que divide cena com sua vizinha, vivida por Jurnee Smollett (Aves de Rapina), uma mãe desesperada que deseja recuperar sua filha de um terrível sequestrador. A história então se expande para explicar o contexto de suas ações e seu relacionamento distante, mas respeitado entre os moradores da pequena cidade que ela chama de lar. Lou tem um pedaço de terra na floresta com sua casa e um trailer que aluga para a mãe solteira Hannah e sua filha de 10 anos, Vee (Ridley Asha Bateman). Lou é rude com a dupla e se mantém afastada delas até a chegada de uma super tempestade, que muda toda a dinâmica local.

Aos poucos os mistérios são revelados e descobrimos alguns segredos sombrios sobre o passado de Lou que, com muita alegria, surpreende o espectador. O roteiro – elegante e eficiente – desenvolve com maestria suas principais reviravoltas, ao invés de gastar tempo com explosões e sequências de ação inchadas, como é típico do gênero. A diretora Anna Foerster (Anjos da Noite: Guerras de Sangue) usa com maestria o ambiente denso e natural da floresta e o implacável ataque da chuva para revelar lentamente a profundidade e a proeza das habilidades de sua protagonista enigmática.  

A paisagem em si fornece a maior parte dos desafios físicos que as personagens encontram, o que cria uma tensão muito boa quanto mais fundo as mulheres viajam em direção ao resgate da menina. A atmosfera é sedutora e apoiada por um excelente design de som que amplifica a paisagem sonora do lugar, tornando-o mais sombrio, isolado e, por consequência, perigoso. A ausência do uso de tecnologia na história (por ser situada nos anos 80) também funciona para criar esse imaginário de terror. Além disso, há engenhosas cenas de luta.

Já em termos de desempenho, Allison Janney (Eu, Tonya) é tão boa que merecia uma franquia de ação para chamar de sua, independente de sua idade. Lou é durona, de poucas palavras e divertida. Smollett, por sua vez, cria um contraponto fantástico com Lou, uma vez que é mais expressiva, vulnerável e emocional.

Conclusão

Com performances femininas ferozes, Lou é um thriller tenso e envolvente, recheado de entretenimento sólido e mistérios inteligentes no melhor estilo dos filmes de ação dos anos 80. Allison Janney brilha como a durona e melancólica protagonista e nos faz querer ver uma franquia de ação só dela. Porém, apesar de um pouco longo e cansativo, a ambientação funciona e embala as reviravoltas divertidas da trama. Um bom filme – talvez um dos melhores originais Netflix recentemente – que certamente não será lembrado, mas que proporciona energia necessária para valer seu tempo gasto.

NOTA: 8/10

Leia também: Qual foi o motivo do sequestro? Entenda o final do filme LOU


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