Crítica | A Queda leva o horror de sobrevivência a um nível mais alto

Além de diversão e emoção, parte da experiência que o cinema pode nos proporcionar também envolve o quão presos ficamos dentro da trama de um filme, por mais simples e boba que ela possa ser. A aflição e agonia de ver alguém ter que lutar pela vida nas telas certamente mexe com alguns gatilhos dentro de nós. E A Queda (Fall), novo thriller da Paris Filmes, incorpora o estilo hitchcockiano e leva o horror de sobrevivência a um nível mais alto.

E sim, nós já vimos de tudo nos filmes. Desde pessoas presas em desfiladeiros, presa em um caixão, presa no espaço, em uma ilha remota, no meio do mar e até em teleférico durante uma nevasca, mas a sensação de vertigem de A Queda é, na mais pura das hipóteses, única até agora. Grande parte por conta da altura colossal em que a trama se passa, numa simples e frágil plataforma no topo de uma gigantesca torre de TV.

A trama e o elenco

Mas é curioso como o roteiro do filme é infinitamente bobo, simples e prejudicado pela ambição de ter que entregar mais do que aparenta. Quando o longa tentar brilhar na tecnologia, o baixo orçamento aparece e o CGI é terrível, mas quando foca na engenhosidade de sobreviver no ambiente hostil, é aí que cresce e, de alguma forma, ainda consegue ser insuportavelmente tenso, como um brinquedo de parque de diversões. Pelo tempo que dura a agonia, nós somos deixados na ponta da poltrona tendo altas crises de ansiedade, mesmo quem não tem medo de altura.

Na trama de A Queda, Hunter (Virginia Gardner) é uma viciada em adrenalina e possui um canal no YouTube dedicado a gravar seus feitos impressionantes nas alturas, uma vez que escala arranha-céus sem usar cordas. Porém, durante uma escalada com sua melhor amiga Becky (Grace Fulton) e o marido dela, Dan (Mason Gooding), um acidente acontece e elas precisam se afastar por um tempo. Com Becky em depressão, Hunter a convida para mais uma escalada na tentativa de “superar seus medos”, só que dessa vez o perigo é ainda maior: a enferrujada e isolada torre de TV B67 – a sétima estrutura mais alta do mundo, com cerca de 600 metros em direção ao céu.

Como podemos imaginar, elas ficam presas lá em cima uma vez que a escada despenca quando elas chegam ao topo da estrutura. Isoladas em um pequeno círculo de metal no que parece ser a borda do espaço, as garotas não têm como descer pelas laterais do poste. A água está acabando, seus telefones não têm bateria e os abutres estão começando a aparecer. Daí pra frente, o roteiro trabalha minuciosamente as poucas (e curiosas) possibilidades de sair dali com vida. No meio disso, Fulton e Gardner entregam uma performance convincente, que extrai o máximo do pavor da situação.

A direção

Mesmo com efeitos ruins na maior parte do tempo, o diretor britânico Scott Mann (Golpe Final) faz maravilhas com o pequeno orçamento para fazer com que duas horas passadas olhando para o mesmo grande bastão pareçam fascinantes a cada novo minuto, com os desafios à beira do penhasco ficando gradualmente mais insuportáveis de assistir, muito por conta da condução vertiginosa que aborda sempre que a câmera é direcionada para baixo.

No entanto, infelizmente a ausência de uma trilha mais marcante – como em Tubarão – é sentida e influencia no teor do suspense criado, ainda que a fotografia quente e a sensação de calor coloque o espectador dentro daquela circunstância de medo, caos e puro terror.

Conclusão

Se você deseja testar a sua acrofobia, A Queda proporciona uma aflição terrivelmente vertiginosa que nos deixa com altas crises de ansiedade e pânico. Uma experiência cinematográfica equivalente a passar duas horas assistindo vídeos do YouTube de revirar o estômago com loucos pendurados em prédios por pura diversão.

Independentemente disso, falta proeza técnica. Ainda que tenha reviravoltas preguiçosas e a lógica seja risível, o filme constrói com maestria o suspense e provoca nossas emoções. É divertido, extremante simples, e convence na maior parte do tempo. Não chega ao céu dos grandes filmes, mas é uma ótima opção para quem ama histórias de sobrevivência. Ah, lembre-se de levar um lencinho pois sua mão vai suar.

NOTA: 8/10

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