Crítica | Vizinhos – Tão insuportável de assistir quanto um vizinho chato

O cinema brasileiro é tão diversificado e abrange tantos gêneros e públicos, que há espaço para todo tipo de história. No entanto, algumas delas parecem testar a nossa paciência. Ou quem sabe o quão importante a assinatura da Netflix é para nós. E olha que não sou do movimento “anti-netflix” que tem surgido por aí, muito pelo contrário, a gigante do streaming ainda mantém certa relevância, mesmo com a queda brusca de qualidade de suas produções. E filmes vazios como Vizinhos não ajuda em nada nessa busca por restaurar o prestígio.

Tudo bem que é querer demais esperar profundidade de comédias do Leandro Hassum. Esse tipo de filme, por si só, é inofensivo e funciona no que se propõe fazer, porém, gastar dinheiro com algo desprovido de qualquer valor adicional é uma dor angustiante que o cinema nacional não precisa mais passar.

A trama e o elenco

Claramente inspirado no clássico de 1981, Estranhos Vizinhos, a trama acompanha Walter (vivido por um ainda mais caricato Hassum), um homem que tem um colapso nervoso e troca a cidade grande pela calmaria do campo. No entanto, suas ambições de uma vida calma são deixadas de lado quando ele descobre sobre seus vizinhos extremamente barulhentos. A partir daqui, Vizinhos se torna um filme de comédia extremamente bobo, liderado por um protagonista irritante, que parece ter a maturidade de uma criança de 6 anos.

Os diálogos péssimos rimam com as piadas sem graça, jogadas na cara do espectador a cada dois minutos de história. O trabalho de roteiro é tão ruim, que fica difícil saber para onde aquele enredo raso vai se encaminhar. Qualquer tipo de mensagem motivacional construída por trás da presepada cai por terra antes mesmo de atingir seu ápice. Falta conflito cabível e resta um amontoado de clichês enervantes. No fim, todas as situações aqui são previsíveis.

Walter é um homem que se considera incapaz de lidar com seu estresse e se vitimiza, acreditando que os ruídos externos são seu maior problema, acontece que ele em si é o próprio vizinho insuportável, do tipo que ninguém gostaria de ter. Se extrairmos os mal-entendidos, falhas de comunicação, brincadeiras de animais, tiroteios, duplos sentidos e outros clichês cansativos desse tipo de humor brasileiro, não sobraria nada deste filme.

Leandro Hassum, por sua vez, impressiona como um comediante físico talentoso – em algum lugar entre Mr. Bean e Jerry Lewis, quem sabe. Julia Rabello, naturalmente engraçada, também entrega uma performance adequada, mas não vai além do convencional.

Conclusão

Se fosse possível personificar um vizinho chato e inconveniente em um filme, este filme seria Vizinhos, da Netflix. Estridente e irritante, a comédia com Leandro Hassum nos faz questionar o precioso tempo de vida que desperdiçamos assistindo histórias ruins. E se você espera dar boas risadas, veio na vizinhança errada.

Certamente há algum outro bairro perdido por aí no catálogo do streaming onde o humor compensa e as piadas são infinitamente mais inteligentes. Pelo visto, com obras neste nível de qualidade, a Netflix quer mesmo é fazer todos os seus assinantes se mudarem para outro serviço melhor – e mais barato.

NOTA: 2/10

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