Crítica | Chloe – Sonífero em formato de série

Em épocas de dramas sobre o uso maléfico das redes sociais, o Prime Video não fica pra trás e aposta alta em Chloe, série limitada que explora personas falsas e os perigos do mundo online. Com o intuito de deixar o espectador vidrado na tela a cada nova reviravolta – assim como Você faz – acaba por se perder dentro de suas inúmeras decisões novelescas.

Apesar de ser uma ideia de uma das roteiristas de Sex Education, Alice Seabright, a proposta é completamente oposta, uma vez que a premissa se afasta de qualquer tipo de humor para criar uma atmosfera densa de thriller psicológico enquanto acompanha a vida de uma protagonista que pode muito bem ser a mocinha e a vilã dessa história conturbada. Mas o que faz Becky Green ser tão interessante em um mundo com tantas outras iguais a ela? O carisma poderoso de Erin Doherty (The Crown).

A trama e o elenco

A mocinha com nuances de obsessão é vivida por Doherty e parece ter uma conexão profunda – e um misto de inveja – com a bela Chloe (Poppy Gilbert), uma típica jovem que vende sua vida aparentemente perfeita no Instagram. Enquanto uma mostra a belezas de seu casamento impecável, a outra é uma mera funcionária de uma agência e cuida da sua mãe doente nas horas vagas no seu minúsculo apartamento. Dois opostos distintos. Ou será que há alguma ligação que as une?

Após o misterioso suicídio de Chloe, a obsessão de Becky assume novos ares uma vez que ela muda de identidade e começa a se aproximar dos amigos e do marido da falecida e, aos poucos, troca de lugar com ela e vive a vida que sempre desejou, mas com o adicional de que as duas já se conheciam e de que há um grande segredo no passado que pode retornar como uma bomba. Enquanto Becky mergulha no círculo íntimo da jovem morta, ela inicia uma espécie de investigação particular para saber o que, de fato, aconteceu com a ex-amiga. E desse enredo intrigante, a série acaba por queimar cedo demais suas possibilidades e os episódios longos e arrastados funcionam como um verdadeiro sonífero.

Tendo aumentado a popularidade da princesa Anne com sua interpretação espirituosa na terceira e quarta temporadas de The Crown, não é surpresa que Doherty seja capaz de alternar entre cada uma das múltiplas personalidades de Becky – filha mal-humorada, funcionária diligente, socialite arrogante – com convicção impressionante. A atriz, por si só, já é um atrativo para a trama e sua performance funciona também para que possamos criar empatia pela protagonista, mesmo com o tom maquiavélico de suas ações. Ela consegue atrair a simpatia de um personagem cujos motivos, não importa quão obscuros, são muitas vezes questionáveis.

Ritmo lento demais

Ainda que tenha pequenos ganchos no fim de cada capítulo – são 6 de uma hora cada um – nenhum mistério acaba por fisgar com tanta força à ponto de justificar nossa imersão. As subtramas dos coadjuvantes ocupam tempo de tela demais, tornando-se repetitivas e que só se sustentam pela rede de mentiras criadas, algo que desperta nossa curiosidade por saber como esse caos vai terminar e como a protagonista será desmascarada. É divertido ver os contornos que o roteiro faz para facilitar as empreitadas de Becky, mas se esqueceram de criar personagens realmente interessantes para preencher as lacunas da trama. Um conflito que poderia facilmente ser resolvido em poucos minutos, dura quatro episódios inteiros.

Novelão das 9

Com o desenvolvimento sendo arrastado lentamente e os mistérios progredindo na velocidade de uma tartaruga, o orçamento limitado começa a dar as caras e mostra que a produção (original da BBC) se perde em suas próprias ambições televisivas. Há sim uma base de suspense por trás, mas, depois do terceiro episódio, essa nuvem de enigmas se dissipa quase totalmente para dar lugar ao tédio, que só cresce mais e mais e encontra um desfecho insatisfatório. É excesso de facilidades e conveniências de roteiro demais para que possamos engolir tantas coincidências, fora uma dependência excessiva de flashbacks que desanima qualquer um.

Conclusão

Às vezes parece que os roteiristas se esqueceram como se faz séries memoráveis. Chloe começa bem, intrigante e provocativa, mas pisa no freio conforme avança e mergulha profundamente no tédio de uma história chata, repleta de falhas e com personagens inexpressivos, que mais parece um sonífero em formato televisivo.

Ainda que a produção tenha boas intenções e saiba entregar em doses pequenas os seus mistérios, falta emoção para desvendar o quebra-cabeça. Erin Doherty, por sua vez, brilha intensamente como a melhor escolha para viver uma personagem que vai da obsessão ao afeto durante sua jornada. E com essa protagonista forte e inesquecível, é triste ver que Chloe está fadada ao esquecimento.

NOTA: 5/10

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