Premiado em vários festivais, entre eles em Marrakesh e em Nantes, TANTAS ALMAS, do colombiano Nicolás Rincón Gille, é o novo filme da Sessão Vitrine 2022, que chega aos cinemas em 26 de maio, com ingressos a preços reduzidos, nas cidades Aracaju, Balneário Camboriú, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Goiânia, Maceió, Manaus, Palmas, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
Rincón Gille conta que a ideia para o filme surgiu em 2008, quando viajava pela região do Rio Magdalena fazendo um documentário, e ouviu diversos relatos sobre a violência paramilitar que devastou a área e as vidas. “Era enlouquecedor o que me contavam, e, ainda assim, essas pessoas conseguiram retomar suas vidas, apesar de toda a dor. Não era questão de sobrevivência, era também a necessidade de encontrar um novo sentido na vida que pudesse transcender o terror.”
A história do longa se passa na Colômbia de 2003, um ano fundamental na história da violência paramilitar no país. Na década de 1980, narcotraficantes, proprietários de terras, políticos e militares se uniram para criar uma milícia de extrema-direita para fortalecer o seu poder. Com o nome de Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), essas milícias começaram a atacar camponeses e ONGs progressistas, com apoio extraoficial do presidente do país à época, Alvaro Uribe.
“Contar histórias dessas pessoas que passaram por esses episódios é uma forma de reorganizar o mundo e ganhar terreno contra violência. TANTAS ALMAS tenta trazer a bela força que emerge de um homem que perdeu tudo, exceto sua vontade de viver“.
O roteiro, também assinado pelo diretor, não parte apenas de uma história real, mas foi construído a partir dos diversos relatos que ouviu. “Soube da história de um pescador que saiu em busca dos corpos de seus filhos, e esse foi o ponto de partida. Mas eu sabia que as Autodefesas Unidas da Colômbia estariam presentes como agentes do conflito, mas eu não queria uma visão global da situação. Eu queria recriar o ambiente de terror e do medo de ser assassinado numa situação de guerra que afeta diretamente (e quase exclusivamente) a população civil. É mais sobre a reconstrução do que dar explicações“.
Em seu primeiro longa de ficção, Rincón Gille explica que queria trazer elementos de sua experiência como documentarista. “De certa forma, meus filmes anteriores são sobre as consequências da violência para militar. Aqui, eu conto o que vem antes: o que acontece no meio da guerra, como as pessoas mantêm sua humanidade sem cair em desespero, tristeza e loucura.“
O filme traz, exclusivamente, em seu elenco atores e atrizes não-profissionais, e, para o diretor, esse é um dos aspectos mais importantes de TANTAS ALMAS. “Eu queria filmar num lugar marcado pela história que queria contar, e com as pessoas que testemunharam de perto o que o filme propõe. As filmagens foram numa cidade devastada pela violência 20 anos atrás. Fiz o casting baseado em minha experiência como documentarista, buscando pessoas que pudessem fazer um papel de maneira forte e sincera desde que não fossem personagens muito distante de suas realidades.”
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